Benicio Del Toro em The Phoenician Scheme: filme americano rodado na Alemanha
Benicio Del Toro em The Phoenician Scheme: filme americano rodado na AlemanhaD.R.

Babelsberg: um nome forte na paisagem de Cannes

No Festival de Cannes, há notícias sobre os estúdios de Babelsberg: a sua evolução vai continuar a passar, não apenas pelo cinema alemão, mas também por diversas produções americanas.
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Babelsberg! O nome está longe de se esgotar na geografia. De facto, Babelsberg, uma zona da cidade alemã de Potsdam (capital do estado federal do Brandenburgo), é também uma referência mítica na história do cinema. Aos respectivos estúdios, fundados em 1912, estão ligados títulos que vão desde clássicos do mudo como Metropolis (1927) até diversas produções das “franchises” do nosso tempo, como é o caso de Matrix Ressurrections (2021). Pois bem, Babelsberg ressurgiu na actualidade da 78ª edição do Festival de Cannes.

Desde logo, porque o novo filme de Wes Anderson, The Phoenecian Scheme (a competir para a Palma de Ouro), não se esgota numa ideia de espectáculo “made in USA”, aliás sustentada por um elenco que inclui, entre outros, Benicio Del Toro, Scarlett Johansson e Tom Hanks — em boa verdade, The Phoenician Scheme foi inteiramente rodado em Babelsberg. Depois, porque os estúdios de Potsdam (a pouco mais de meia hora de Berlim) estão a reforçar as suas ligações com as produções da Europa e dos EUA.

As primeiras informações disponíveis, divulgadas em exclusivo pela Variety (numa das suas edições diárias especialmente para Cannes), apontam para uma significativa diversificação daquelas ligações. Entre os exemplos próximos, além do filme de Wes Anderson, anuncia-se também mais um capítulo da série The Hunger Games (com o subtítulo Sunrise of the Reaping), a par de Heimsuchung, nova realização do alemão Volker Schlöndorff (director dos estúdios no período 1992-97).

A estratégia de Babelsberg surge em paralelo com a guerra das tarifas anunciadas (para já, não confirmadas) de Donald Trump, tentando penalizar os filmes americanos rodados no estrangeiro. Claro que não se trata de uma resposta directa, mas é um facto que Babelsberg continua a ser um espaço atraente para filmes com características muito diversas, até porque a legislação alemã prevê um sistema de incentivos financeiros muito atraente — por exemplo, o novo título de The Hunger Games recebeu um apoio de 800 mil euros da parte de um fundo regional de apoio ao cinema; para uma grande produção, com custos iguais ou superiores a 80 milhões de dólares (cerca de 72 milhões de euros), a redução nas despesas pode atingir valores entre 25% e 30% do orçamento total.

Por tudo isso, convém revisitar as memórias cinéfilas e não esquecer que os estúdios de Babelsberg continuam a figurar entre os maiores do continente europeu — são 21 pavilhões para filmagens, a par de múltiplas instalações de apoio técnico, ocupando uma área total de 460.000 metros quadrados.

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