Líder do Chega disse que queria um aumento “mais ambicioso”.
Líder do Chega disse que queria um aumento “mais ambicioso”.Foto: Leonardo Negrão

Chega permite viabilização de aumento extraordinário nas pensões mais baixas

André Ventura anunciou abstenção que irá aprovar proposta do PS. Contra os planos do Governo, haverá um aumento de 1,25% para quem receba até 1527,78 euros. Impacto pode superar 265 milhões.
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O presidente do Chega, André Ventura, anunciou nesta quarta-feira que o seu partido irá abster-se na proposta socialista de alteração do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) para o aumento extraordinário permanente de 1,25 pontos percentuais nas pensões mais baixas, confirmando os sinais desse sentido de voto nas últimas semanas. E isso garante a aprovação desde que todos os partidos de esquerda acompanhem o PS no voto favorável, pois o número de deputados desses grupos parlamentares supera os da Aliança Democrática, mesmo que se lhes junte a Iniciativa Liberal.

A proposta de alteração do PS prevê um aumento extraordinário de 1,25 pontos percentuais nas pensões com valores até três indexantes dos apoios sociais (IAS), o que se traduz em 1527,78 euros. E foi uma das exigências do PS a que o Governo não deu resposta favorável na negociação que levou à viabilização do OE2025 na generalidade, com vários membros do Executivo, entre os quais o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, a argumentarem que a medida poria em risco o equilíbrio orçamental.

As dúvidas quanto às contas do PS, que avançou com uma estimativa de impacto de 265 milhões de euros, levaram o grupo parlamentar do PSD a solicitar a avaliação da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República, de modo a apurar qual será o impacto.

O próprio André Ventura admitiu ontem que a proposta do PS possa ter um impacto superior, “à volta dos 298 milhões de euros”, mas defendeu que esse custo está “dentro da potencial folga orçamental que o Governo prevê”. Tal como a proposta de aumento de 1,5% apresentada pelo Chega, que foi entretanto alterada pelo grupo parlamentar, passando a aplicar-se a quem recebe pensões até três IAS, em vez dos dois IAS (1018,52 euros) que constavam do texto original.

“O Chega vai votar favoravelmente a sua proposta de aumento de 1,5% e vai abster-se em todas as outras propostas que sejam de aumento de pensões, mesmo que não sejam tão ambiciosas como a do Chega, desde que tenham um nível de responsabilidade orçamental efetiva. Isto significa que, com toda a probabilidade, teremos um aumento de pensões ao longo do próximo ano”, disse Ventura, apelando ao Governo para não fazer “um novo ensaio de vitimização e de encenação de uma crise política” caso se confirme a muito provável aprovação do aumento extraordinário das pensões.

Cenário admitido em entrevista ao DN

A hipótese de o Chega vir a viabilizar uma proposta do PS para o aumento extraordinário das pensões mais baixas foi admitida ao DN pelo deputado Rui Afonso, numa entrevista ao DN, publicada a 30 de outubro. Disse o coordenador do seu grupo parlamentar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública que, “se o PS propuser um aumento extra para os pensionistas, será muito difícil não viabilizar essa proposta de alteração”.

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