Valor inestimável. Cartas da realeza dos séculos XVII e XIX apreendidas pela PJ em Beja

Os documentos régios terão sido roubados do espólio do Estado e agora encontrados em posse de particulares. As autoridades não têm dúvidas de que se trata de manuscritos de "valor inestimável em termos históricos".
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A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu, esta semana, um conjunto de 165 cartas que terão sido trocadas entre pessoas da realeza e "figuras ilustres da cidade de Beja", segundo comunicado ao qual o DN teve acesso. A compilação, que é património público, estaria ilegalmente na posse de um particular residente na cidade portuguesa.

A antiguidade dos documentos não facilita a leitura, mas as autoridades não têm dúvidas: são "de grande relevância e valor inestimável em termos históricos". De acordo com a Diretoria do Sul da PJ, que procedeu à investigação, os documentos foram redigidos entre os anos 1623 e 1806, entre o "Rei", o "Príncipe", o "Infante", a "duquesa de Mântua" e o que consideraram ser "figuras ilustres da cidade de Beja".

A única identidade realmente percetível é a de Margarida de Saboia, a dita duquesa de Mântua e de Monferrato (Itália). A mesma era filha de Carlos Emanuel I, Duque de Saboia - apelidado de "o Grande" - e da infanta Catarina Micaela da Áustria. Era, por isso, também neta do rei Filipe II de Espanha - assim como Filipe I, também Rei de Portugal e Algarves.

Segundo explicou ao DN o diretor da Diretoria do Sul, a apreensão resultou de uma queixa feita pela própria Câmara Municipal de Beja. António Madureira diz que os documentos terão sido desviados do espólio do Estado, passado pelo estrangeiro e, então, regressado a Portugal.

Os manuscritos estão, neste momento, a ser alvo de perícia no Laboratório de Polícia Científica, para provar a sua autenticidade. "Mas tudo indica que sim", diz o diretor. Segundo António Madureira, este processo deverá levar entre um a dois meses até estar concluído.

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