Não são 2,5 milhões (população com mais de 65 anos + 200 mil profissionais de saúde) como estava planeado pela Task Force (TF) da vacinação, mas apenas 1,5 milhões que podem ser vacinados com a 3ª dose contra a covid-19 até ao próximo dia 19 de dezembro - na véspera do arranque oficial do inverno e a uma semana no Natal..De acordo com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, são estas 1,5 milhões de pessoas que estarão nessa data "elegíveis" para serem inoculadas com a dose de reforço, pois para isso têm de ter tomado a 2ª dose há, pelo menos, 180 dias (seis meses). O restante milhão será vacinado "em janeiro, fevereiro", afiançou, já em plena estação de inverno..Ora segundo notícias publicadas, em maio a maior parte das pessoas com + de 65 anos tinha a vacinada com a primeira dose, o que quer dizer que, no máximo, em junho terão recebido a segunda, ou seja, seis meses decorridos em dezembro..Em reação à notícia do DN deste sábado, segundo a qual o plano de vacinação para a 3ª dose estava com atrasos (só 12,6% dos 2,5 milhões previstos) face ao plano que tinha sido traçado ainda pela equipa do vice-almirante Gouveia Melo e questionada sobre se este reforço estava ou não abaixo das expectativas, Graça Freitas disse que "não" e que "a 3ª dose da vacina está a acompanhar o que prevíamos"..Nunca assumindo atrasos, explicou então que "até hoje, 900 mil pessoas estão elegíveis, ou seja, só há 900 mil pessoas capazes já de apanhar a vacina contra a covid-19. Dessas já foram vacinadas 344 mil, o que dá 40%"..Reconheceu que esse valor é "pouco" atribuindo ao facto de se tratar "da população mais difícil de apanhar e portanto é normal que assim seja. É por isso que a partir de agora temos de ter uma intervenção personalizada em relação a estas pessoas". Não indicou exatamente a que faixas etárias se estava a referir, mas fica implícito que se trata dos maiores de 80 anos..O DN pediu à Direção-Geral da Saúde (DGS) para clarificar de que 900 mil de elegíveis se tratavam, bem como os 1,5 milhões, mas não obteve resposta. Também questionou sobre o impacto estimado pelo facto de, pelo menos, um milhão de maiores de 65 anos, só ser vacinado afinal em janeiro e fevereiro, conforme afirmou Graça Freitas, mas também ainda não foi respondido..Até este sábado, de acordo com a DGS, tinham sido vacinadas com a 3ª dose 315 mil pessoas e segundo Graça Freitas, este domingo esse número era de 344 mil - mais 29 mil. A diretora-geral de Saúde diz que "neste momento estamos a vacinar com as duas doses (covid e gripe) 25 mil pessoas por dia e temos capacidade de aumentar"..O DN fez as contas desde que arrancou a vacinação da 3ª dose à população com mais de 80 anos, a 17 de outubro (a 11 começou só nos lares) e a média diária foi de 15 750 (315 mil a dividir por 20 dias decorridos), contando com os fins de semana e 21 mil apenas contando os dias úteis (15)..De acordo com o plano delineado, ao dia de hoje deviam estar vacinadas, pelo menos, 500 mil pessoas. "Vamos iniciar a faixa dos 70/80 na próxima semana e no plano inicial devíamos avançar a 22 de novembro com os 65 anos, mas se não recuperarmos o atraso que temos agora, pode escorregar, pelo menos, uma semana", assinalou ao DN uma fonte da antiga equipa da TF que ainda está a acompanhar o processo.."Há uma baixa taxa de resposta às SMS (50 a 60%) e a baixa adesão ao auto agendamento também poderá ser por infoexclusão. Temos a expectativa que nas faixas etárias mais baixas a facilidade de agendar será maior e que o ritmo vai aumentar. A preocupação que temos não é a capacidade instalada para vacinar, nem a disponibilidade das vacinas, mas a possível baixa motivação das pessoas para se vacinarem", assevera..Esta fonte frisou que o plano "vai até 19 de Dezembro" e que estão "a empregar todos os meios de chamada de pessoas à vacinação para aumentar o ritmo". "A preocupação não é a capacidade instalada para vacinar nem a disponibilidade de vacinas, mas a possível baixa motivação das pessoas para se vacinarem"..Questionada sobre se concorda com a apreciação do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, segundo a qual há uma "menor organização desde que o vice-almirante Gouveia e Melo abandonou a coordenação do plano de vacinação", Graça Freitas foi perentória: "não concordo de todo. Nós no ano passado, o serviço Nacional de Saúde, com os seus centros de saúde, as suas enfermeiras, os seus médicos e a organização das cinco administrações regionais de saúde, administrou 2,2 milhões de dose de vacina e conseguiu 75% de cobertura acima dos 65 anos, a maior taxa de vacinação contra a gripe de sempre. E esta taxa não é só a maior em Portugal, é uma das maiores do mundo. E fizemos isso com os recursos e a organização do SNS ", afirmou, sem qualquer referência ao trabalho da equipa do antigo coordenador da TF..Questionada se não estaria a fazer falta "um rosto a que os portugueses se habituaram no último ano", a diretora-geral da saúde respondeu que "vão ter de se habituar ao meu se calhar, mas até agora não foi preciso"..Uma posição que diverge do que já foi sugerido pelo vice-almirante. "Julgo que haver sempre uma pessoa que dirija o processo e responda pelo processo é sempre útil, mas pode haver outras formas de organizar as coisas. Nós organizámos o processo havendo uma pessoa que centralizava as atenções e responsabilidades e isso deu resultado", afirmou Gouveia e Melo na semana passada, quando questionado por jornalistas na Web Summit..Ouvido no parlamento para um balanço da atividade da Task Force, a 12 de outubro passado, o vice almirante afirmou que para evitar alguma "disrupção" na passagem da organização para o ministério da Saúde, tinha sido "criado um núcleo de transição de oito elementos com o objetivo de internalizar os processos e as práticas da `task force´ no Ministério da Saúde, para que "fique qualquer coisa de positivo deste processo em termos organizativos"...Segundo assinalou, naquele momento, o núcleo estava em funções a "operar nas instalações militares de Oeiras", a receber esse "treino e formação sobre a forma como operamos em crise e focados na resolução de problemas muito concretos"..Ao que o DN apurar este núcleo estará reduzido a dois técnicos. Questionado o ministério da Saúde sobre se era verdade esta situação e porquê, também não respondeu ainda.