Diretor desportivo, Samuel Costa, também acusado de assédio e alvo de processo
O diretor desportivo do futebol feminino do Famalicão, Samuel Costa, foi visado nas queixas de assédio sexual apresentadas hoje, de forma anónima, pelas jogadoras do Rio Ave, e também ele alvo de um processo disciplinar, segundo o Conselho de Disciplina da Federação (FPF). As jogadoras já tinham denunciado comportamentos inadequados do treinador famalicense, Miguel Afonso, suspenso pelo clube e pelo Conselho de Disciplina.
As alegadas vítimas de assédio sexual na época 2020-21, acabaram por formalizar, hoje, através do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), queixas na FPF e na Polícia Judiciária (PJ). O SJPF recolheu vários elementos de prova, sendo que as participações foram também feitas por atletas de outros clubes orientados por Miguel Afonso.
Logo pela manhã, e menos de 24 horas depois de se saber que tinha sido acusado de assédio sexual por jogadoras do Rio Ave, que terão acontecido na época 2020-21, o técnico deixou o comando técnico do plantel famalicense (6.º classificado da Liga BPI).
Em comunicado, o clube anunciou "a suspensão de funções, por mútuo acordo e com efeitos imediatos, do treinador Miguel Afonso até que a verdade dos factos seja apurada". E reafirmando que "não se revê em nenhuma atitude de teor abusivo ou de desigualdade de género". Como tal, coloca-se ao dispor das entidades competentes para "coadjuvar no alcance da verdade".
A saída do treinador apanhou a equipa de surpresa, pois, tal como o DN noticiou, ontem, dia em que foi conhecido o caso, o presidente Jorge Silva foi ao balneário reafirmar que mantinha a confiança em Miguel Afonso, dizendo que não tinha provas do alegado assédio e que acreditava tratar-se de uma cabala orquestrada por duas empresárias de jogadoras.
O clube vai agora aproveitar a paragem de 15 dias do campeonato, para os jogos das seleções, para encontrar um novo(a) treinador(a), a tempo do jogo da Liga BPI com o Benfica, marcado para o dia 15 de outubro. Renato Lobo é o interino.
Este é o primeiro caso do género a ser conhecido no futebol feminino português. Terá acontecido na época 2020-21, quando Miguel Afonso treinava as vila-condenses no segundo escalão. As alegadas vítimas serão jogadoras dos 18 aos 20 anos de idade. Uma delas, e de acordo, com o jornal Público, recebeu um sms do técnico a perguntar se gostava de homens ou mulheres. O técnico diz-se vítima de "esquema", mas não resistiu ao escândalo.
O caso promete não ficar por aqui e ser uma caixa de pandora. Ontem mesmo, Ana Lopes, antiga futebolista internacional portuguesa conhecida por Tita, assumiu publicamente também ter sido "vítima de assédio sexual enquanto jogava futebol" e que não agiu "por falta de provas, sob pena de ser julgada por difamação, mas ainda assim, agora mesmo farei uma denúncia". A antiga futebolista de Ouriense, Benfica e Torreense, entre outros, expressou ainda o desejo de que "todas as meninas/mulheres que têm o prazer de jogar futebol, possam vivê-lo sem opressão, manipulação, violência, invasão".
Já Jéssica Silva (Benfica) pediu para que todos se unam contra o crime:"Não estraguem o nosso sonho. Ser futebolista e fazer parte da gigante evolução do futebol feminino é um orgulho! É mesmo! O assédio sexual é condenável de forma transversal. Tendo em conta estas últimas notícias, não poderia deixar de destacar a minha solidariedade com todas estas futebolistas. Jamais podemos ficar caladas."
A empresária Daniela Lopes e Mariana Vaz Pinto, antiga team manager da B SAD, divulgaram através do Twitter, mensagens alegadamente trocadas por Miguel Afonso e jogadoras do Rio Ave, sendo que uma dela terá mesmo abandonado o futebol por causa deste caso. "Ficaste chateada por dizer que a tua voz me relaxa?" é um dos sms divulgados.
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