Foi uma das primeiras medidas desta legislatura em matéria de Educação. Logo após a tomada de posse do atual governo, o Parlamento aprovou o fim das provas finais dos 4.º e 6.º anos, um legado de Nuno Crato, e o governo reintroduziu as provas de aferição - que não contam para a nota -, alargando-as a mais anos de escolaridade e a disciplinas como a Educação Física e a Educação Visual. Com os alunos dos 5.º e 8.º anos a começar nesta quinta-feira as aferições do presente ano letivo (os do 2.º ano realizaram-nas em maio), o ministro Tiago Brandão Rodrigues faz ao DN um balanço desta medida, que considera ter sido "claramente" benéfica para as escolas e para os estudantes, por permitir recolher informação "mais rica" sobre as forças e as fragilidades do sistema sem "rotular" os alunos..Que balanço faz da aplicação das provas de aferição ao longo desta legislatura?.O balanço é francamente positivo, na medida em que tem sido possível criar uma referência na avaliação dos alunos, de âmbito nacional, com um carácter qualitativo, formativo e transversal às várias áreas do currículo, tratando cada aluno e cada escola como únicos e providenciando indicações que permitem reconhecer conhecimentos e competências que os alunos já desenvolveram e aqueles que precisam de ser consolidados..Que tipos de informações permitiram as provas recolher e em que medida estas influenciaram as escolas?.Em primeiro lugar, dão às escolas uma informação muito mais rica sobre cada aluno e sobre o total dos alunos, em comparação com os totais nacionais e aqueles que têm contextos similares, o que tem possibilitado às comunidades educativas afinar as suas estratégias, compreender os seus sucessos e também as áreas em que precisam de se focar e melhorar. Além disso, permitem às escolas formas inovadoras de avaliação, que passam pela integração de áreas disciplinares e produzido um relatório qualitativo, o que contribui também para as escolas enriquecerem os seus dispositivos de avaliação, à luz dos conhecimentos, das competências e dos valores que se pretende que os alunos desenvolvam. Nas diferentes disciplinas, têm sido identificados domínios específicos de dificuldade, o que tem sustentado junto dos centros de formação necessidades específicas de reforço de oficinas formativas..Continua a considerar que o fim das provas nacionais dos 4.º e 6.º anos, e a substituição das mesmas por este modelo de aferições, foi benéfico para o sistema, nomeadamente tendo presentes os objetivos de gestão flexível dos currículos?.Foi claramente benéfico. As provas de aferição têm o cuidado de não contribuir para rotular e classificar, seja alunos ou escolas, como um todo. As provas mitigam a tendência de afunilamento do currículo, com a tentação de definir disciplinas de primeira e de segunda. A avaliação de um aluno representa mais do que uma nota, identificando os conhecimentos que os alunos já têm e aqueles que precisam de consolidar. Esta avaliação é realizada a meio de cada ciclo, num momento em que a escola e os alunos ainda têm a possibilidade de diversificar estratégias para consolidar aprendizagens. Todas estas vantagens são hoje evidentes e são ainda mais importantes quando as escolas têm atualmente autonomia e flexibilidade curricular para adequar as suas estratégias, no sentido de promover o sucesso de todos os alunos.