"Terroristas querem assustar os turistas e atingir as economias dos países"
Espanha está no nível 4 de alerta antiterrorista (em 5) desde 2015. Mesmo assim não se evitou este atentado. É simplesmente impossível fazê-lo?
Desde os atentados do 11 de Março de 2004 foram detidos em Espanha 687 jihadistas, 30 deles só este ano. É um volume enorme de suspeitos de quererem preparar atentados. Não é possível ter um polícia ou um membro dos serviços de informações por cada um deles. Mas há que fixar prioridades. Há uma tensão constante entre as polícias regionais catalãs e as autoridades centrais espanholas. Espero que isso não tenha afetado a cooperação porque ela é muito importante. Este modus operandi foi identificado na revista do Estado Islâmico. Espanta-me que uma zona tão movimentada não tivesse por exemplo barreiras de betão.
Este é o primeiro atentado jihadista desde o 11 de Março. Os espanhóis voltam a encontrar-se com um clima de medo que pensavam ter acabado, nomeadamente após a ETA abandonar a luta armada?
A ETA passou à fase civil e política e as pessoas andavam agora mais descansadas. Mas foram surpreendidas por esta ação do Estado Islâmico.
É, acima de tudo, um ataque ao modo de vida ocidental?
É a motivação deles e não é só na Europa. Há ataques contra lugares turísticos na Tunísia, Egito e Indonésia. Eles querem assustar os turistas e atingir as economias desses países.
Depois dos protestos antituristas em Barcelona, agora acontece este atentado. O turismo sairá afetado?
Esses protestos radicais contra turistas são lamentáveis. Agora, com este atentado, o turismo em Barcelona sairá ainda mais afetado. Quanto mais frágil o Estado Islâmico estiver na Síria e no Iraque mais ele visará a Europa.
Os líderes catalães deveriam adiar o referendo sobre a independência de 1 de outubro?
Eu achava que sim, é fundamental adiar porque é arriscado e todo o cuidado é pouco.