Tancos. Marcelo culpa Governo por notícias que envolveram a Presidência no caso

O desabado do PR dizendo que o estão a tentar "calar" face ao caso de Tancos teve como destinatário o Governo. Informação avançada por Marques Mendes, esta noite, na SIC.
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"Se pensam que me calam, não me calam." O desabado foi feito pelo Presidente da República (PR), ao Público, sexta-feira, a propósito das notícias dando conta que a Casa Militar da Presidência da República também teria tido conhecimento do encobrimento da descoberta das armas roubadas em Tancos.

Esta noite, na SIC, no seu habitual comentário político semanal, Luís Marques Mendes - amigo do PR e seu conselheiro de Estado - afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa suspeita de que essas notícias podem ter tido origem no Governo. O Presidente "acha que, directa ou indirectamente, o Governo ajudou à festa, ou seja, ajudou a tentar envolver a Presidência", afirmou o comentador. E isto, no seu entender, "indicia a ideia de algum incómodo na coabitação". Para além de revelar algo óbvio: "O Presidente da República não gostou de ver o nome da Presidência envolvida".

As notícias de que a Presidência também teria tido conhecimento da encenação foram divulgadas pela RTP, envolvendo o então chefe da Casa Militar, general João Cordeiro, que já não está em Belém.

Marcelo reagiu na sexta-feira com irritação, dizendo que "do ponto de vista do sentido de Estado e da falta da noção das coisas" é "do outro mundo achar-se que quem efetivamente andou a insistir permanentemente em relação ao esclarecimento da verdade apareça agora como tendo sabido a verdade".

"É o mundo de pernas para o ar e por aí nunca se apurará nada", prosseguiu, dizendo ainda que assim "o país corre o risco de estar a criar uma nebulosa que tem como efeito nunca apanhar os responsáveis". "Como a mim o que interessa é prender os responsáveis, até parece que é de propósito que de cada vez que se deve deixar espaço para a investigação, para que ela se aprofunde, surgir uma nebulosa que tem como efeito objetivo juntar as mais diversas pistas que obviamente não facilitam a investigação", disse ainda.

Falando com jornalistas no Funchal, o PR lembrou que o general João Cordeiro, já esclareceu, há cerca de duas semanas, duas coisas: em primeiro lugar, ter sabido "o que quer que fosse" sobre o memorando escrito pelo ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM), major Vasco Brazão. E "segundo, [que] não houve da parte militar da Presidência da República nunca conhecimento daquilo que surgiu como sendo encobrimento e agora já não é encobrimento".

Esta noite, na SIC, Marques Mendes comentou ainda o facto de, alegadamente, o primeiro-ministro estar disponível para depor na comissão parlamentar de inquérito ao caso de Tancos. "Fez bem" porque "desarmadilhou um problema e jogou ao ataque" - ou seja, o PM "tem tiques de arrogância mas não de falta de inteligência política".

Para o comentador, quem acabou por se sair "mal" foi Rui Rio (que disse que o PSD nunca convocaria António Costa para depôr na comissão). O líder do PSD "foi 'mais costista que Costa'" mas já "é tempo" de "ser menos subserviente" ao primeiro-ministro. "Goste ou não goste, Rui Rio não vai ser vice-primeiro-ministro de António Costa porque o líder do PS não quer. O melhor é 'tirar o cavalinho da chuva' e passar a fazer oposição."

Mendes também criticou o Governo, dizendo que mostrou no Parlamento, a propósito da questão de Tancos, uma "agressividade invulgar". Isto, no seu entender, tem várias razões: "O Governo sempre desvalorizou Tancos e está arrependido", além de que "lida mal com as questões de Estado" e também "porque sente ter alguns telhados de vidro".

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