Suspeito de planear ataque terrorista à Faculdade de Ciências fica em prisão preventiva
O jovem de 18 anos suspeito de planear um ataque terrorista para esta sexta-feira na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) vai ficar em prisão preventiva, indiciado dos crimes de terrorismo e posse de arma proibida.
O arguido ficou indiciado pelos crimes de terrorismo e detenção de arma proibida, com a juíza de instrução a decidir pela medida de privação da liberdade devido a "fortes indícios de existir a continuação da atividade criminosa e da perturbação da tranquilidade pública".
Segundo a informação fornecida, o estudante universitário vai agora ser levado para o Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Foi presente ao juiz apenas depois das 12:00 - apesar de ter chegado cerca das 09:00 ao Campus da Justiça (Lisboa) numa viatura da Polícia Judiciária (PJ) - e não prestou declarações durante o interrogatório.
Antes disso, foi ainda necessário esperar que o processo chegasse ao tribunal. O suspeito estava para ser representado por um defensor oficioso que estava de escala, mas, já em cima do início do interrogatório, acabou por ver chegar um advogado que foi mandatado pela família para a diligência desta manhã.
O estudante, que passou a noite no estabelecimento anexo à sede da Polícia Judiciária, entrou esta sexta-feira no tribunal por volta das 9.00.
O jovem de 18 anos foi detido na quinta-feira pela PJ, que diz ter impedido assim uma "ação terrorista" e ter apreendido várias armas proibidas.
Em comunicado emitido na quinta-feira, com o título "Impedida ação terrorista", a PJ dizia que a investigação que levou à detenção foi desencadeada "por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa", no Campo Grande. Até agora a investigação não identificou motivações religiosas, mas apenas um culto de violência neste jovem.
Através da Unidade Nacional Contraterrorismo, a PJ encetou na quinta-feira de manhã a operação, cumprindo mandados de busca domiciliária.
Fonte ligada ao processo disse à agência Lusa que o alerta para o atentado terrorista foi dado pelo FBI, unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
A mesma fonte adiantou que seria um atentado a título individual e não teria por detrás a ação de um grupo.
Referiu ainda que relativamente a esta cooperação entre as polícias dos vários países no combate ao terrorismo tem levado os Estados Unidos, na sequência dos atentados do 11 de setembro de 2001, a "fazerem um varrimento regular transversal da 'dark net' e de 'sites' considerados perigosos, o que tem permitido antecipar atentados terroristas".
Segundo o comunicado da PJ de quainta-feira, foram apreendidos "vastos elementos de prova, que confirmariam as suspeitas iniciais".
Além de armas proibidas foram apreendidos outros artigos, "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear".
O advogado do jovem detido por planear uma ação terrorista na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa anunciou que vai recorrer da prisão preventiva aplicada pela juíza após o interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal
Em declarações aos jornalistas à saída do Campus da Justiça (Lisboa), Jorge Pracana confirmou a atribuição da medida de coação mais gravosa, face à indiciação pelos crimes de terrorismo e detenção de arma proibida do estudante universitário de 18 anos, mas sublinhou que terá de analisar os indícios "com calma" e os fundamentos da prisão preventiva, nomeadamente a possibilidade de "perturbação da tranquilidade pública".
"É uma medida de coação ajustada, que pode ser revista e provavelmente terá de ser, porque eu vou requerer nesse sentido", começou por dizer, continuando: "Terrorismo? Acho que este processo vai fazer história no país. É o primeiro e espero que seja o último com este tipo de acusação. Estamos todos a inovar e a analisar isto. Será terrorismo mesmo? Não sei".
"A tranquilidade pública é um conceito muito abstrato. Os senhores [jornalistas] fazem o vosso papel, que é um papel naturalmente importante, mas também contribuem para a intranquilidade pública ao dar as notícias. Não é uma crítica, é uma constatação. Portanto, é natural que procurador e juiz tivessem esse cuidado e, aliás, é uma das figuras penais que são exigidas para efeitos de atribuição dessa medida de coação", considerou.
Jorge Pracana escusou-se a comentar os factos do processo e informações sobre o estado de saúde do jovem, assegurando ter sido contratado pela família.
Simultaneamente, adiantou que o facto de o arguido ter ficado em silêncio no interrogatório foi uma "decisão plausível" perante os factos em discussão.
Já sobre os próximos passos, o advogado assumiu somente estar a aguardar "o envio de alguns documentos que poderão ser úteis à reversão da decisão" de aplicação da prisão preventiva.
Já nesta sexta-feira, o diretor da Faculdade de Ciências, Luís Carriço, garantiu que a segurança dos alunos e dos funcionários nunca esteve em causa.
"A Faculdade de Ciências tem enorme confiança nas autoridades. A segurança dos nossos alunos e dos funcionários nunca esteve em causa. Não nos podemos basear em teorias da conspiração. Devemos, por isso, com serenidade, continuar todas as atividades que se exigem numa escola de qualidade como é ciências. Quero transmitir uma mensagem de tranquilidade. Cancelar exames seria uma enorme imprudência", afirmou, numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas.
Luís Carriço salientou, ainda assim, que a Faculdade vai estar atenta "a todos, alunos, docentes e funcionários, bem como à afluência aos exames, e às as taxas de sucesso" e que vai disponibilizar "uma equipa de apoio psicológico, agora reforçada pela oferta da Faculdade de Psicologia e do departamento médico da Universidade de Lisboa para apoiar caso seja necessário e que está disponível para acorrer a todas as solicitações que vejam a ser feitas".
"A vida em ciências continua e continuara em normalidade porque não há quiser indícios para que assim não seja", rematou.