Suspeito de incendiar catedral de Nantes mata padre que o tinha acolhido

O homem, um requerente de asilo do Ruanda que vive em França há vários anos, entregou-se à polícia. Trabalhava como voluntário na igreja. Há um ano, Emmanuel A, como é identificado, confessara ter ateado fogo à catedral gótica de Nantes.
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Um padre foi assassinado nesta segunda-feira na localidade de Saint-Laurent-sur-Sèvre, no oeste de França, por um homem que ele acolhia, um cidadão ruandês que seria o autor do incêndio da catedral de Nantes em julho de 2020.

O suspeito entregou-se à polícia e foi posto sob controlo judicial pouco depois disso, relatou à AFP uma fonte ligada à investigação.

O crime foi anunciado pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, no Twitter. "Todo o meu apoio aos católicos do nosso país, após o dramático assassinato de um padre", escreveu o ministro, que deve visitar a localidade onde ocorreu o crime.

Ainda não foram divulgados detalhes do homicídio, mas uma fonte policial descartou um ataque com faca.

Segundo uma fonte familiarizada com o assunto, "um homem apresentou-se a meio da manhã à brigada da gendarmarie de Mortagne-sur-Sèvre e disse ter matado um religioso".

Este homem, Emmanuel A., de nacionalidade ruandesa, foi colocado sob controlo judicial no âmbito da investigação do incêndio na catedral de Nantes onde era voluntário, disse esta fonte.

O padre, de 60 anos, acolhia o suspeito "há vários meses", disse outra fonte da polícia.

O suspeito confessou ter ateado fogo à catedral gótica de Nantes a 18 de julho do ano passado. Inicialmente, foi detido, até ser solto sob controlo da Justiça à espera de julgamento.

O homem, um requerente de asilo do Ruanda que vive em França há vários anos, trabalhava como voluntário na igreja.

Vincent Neymon, secretário-geral adjunto da Conferência Episcopal Francesa, expressou à AFP "espanto e profunda tristeza".

No Twitter, o senador do partido de direita Os Republicanos Bruno Retailleau homenageou o "padre Olivier Maire, superior dos Montfortianos", dizendo: "A sua morte testemunha a bondade deste padre que conheci bem e de quem pude apreciar a profundidade da fé. A sua morte é uma grande perda".

A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, que acusa o governo de não agir o suficiente em matéria de imigração, reagiu à notícia. Em França, declarou ela, "pode ser um imigrante ilegal, incendiar uma catedral, não ser expulso e depois reincidir, assassinando um padre".

Darmanin logo a acusou de "criar uma polémica sem conhecer os factos". E explicou que o homem não podia ser expulso da França, enquanto estivesse sob controlo judicial.

O incêndio em Nantes ocorreu 15 meses após o devastador incêndio de 2019 na Catedral de Notre-Dame de Paris, que levantou questões sobre os riscos de segurança para outras igrejas históricas em toda a França.

Embora os bombeiros tenham conseguido conter o incêndio de Nantes em apenas duas horas e salvar a estrutura principal, o seu famoso órgão, que datava de 1621 e havia sobrevivido à Revolução Francesa e aos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial, foi destruído.

Também se perderam objetos e pinturas de valor inestimável, como uma obra do artista do século XIX Jean-Hippolyte Flandrin.

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