Sócrates no fim do segundo dia de interrogatório. "Estou muito satisfeito"
"Estou muito satisfeito como as coisas estão a decorrer", limitou-se a dizer José Sócrates à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal após o segundo dia do interrogatório no âmbito da fase de instrução do processo Operação Marquês.
O antigo primeiro-ministro começou a ser ouvido na segunda-feira pelo juiz Ivo Rosa, que nesta fase do processo vai decidir se o caso segue ou não para julgamento. José Sócrates volta a ser ouvido na quarta-feira no terceiro de quatro dias de interrogatório.
Principal arguido da Operação Marquês, José Sócrates, que já esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, está acusado pelo Ministério Público de 31 crimes económico-financeiros, entre os quais crimes de corrupção passiva de titular de cargo público, de branqueamento de capitais, de falsificação de documentos e de fraude fiscal.
No requerimento de abertura da fase de instrução, o ex-primeiro-ministro reitera que "não cometeu qualquer crime, nem praticou os factos narrados na acusação, muitos dos quais nunca sequer ocorreram" e considera que isso está "exuberantemente demonstrado nos autos".
No primeiro dia do interrogatório, Sócrates afirmou, à entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, que esta fase de instrução é "uma oportunidade para repor a verdade". Cerca de cinco horas depois, o antigo governante afirmava aos jornalistas que "é fácil fazer acusações infundadas e é mais difícil repor a verdade". "É uma longa caminhada", considerou.
O processo Operação Marquês resultou numa acusação com mais de quatro mil páginas, 134 volumes, mais de 500 apensos e registos de mais de 180 buscas e interceções telefónicas. No total, ultrapassa as 53 mil páginas de papel, espalhadas por duas salas do Tribunal Central de Instrução Criminal.