"O Sindicato acredita na boa-fé de todos os intervenientes na defesa do futebol e que, subjacente a esta decisão, não esteve qualquer discriminação entre profissionais da I e II ligas, nem sequer razões relacionadas com a capacidade económica dos clubes para encontrar as soluções desejadas, mas a análise dos peritos médicos e da Direção-Geral da Saúde (DGS), no sentido de que não é possível implementar, com a segurança exigida para todos, um novo plano de funcionamento da competição para os dois escalões nesta época", lê-se num comunicado publicado na página oficial do SJPF na Internet..O Governo autorizou na quinta-feira a retoma à porta fechada da I Liga a partir de 30 e 31 de maio, mais de dois meses após a suspensão decretada em 12 de março, numa prova que antecederá a realização da final da Taça de Portugal entre FC Porto e Benfica, enquanto a II Liga não recebeu 'luz verde' para poder retomar a competição.."O Sindicato acredita que Federação e Liga não tiveram alternativa, sabe bem do respeito que o presidente da Federação tem demonstrado em diferentes momentos pelos jogadores e o contributo para melhorar o estado da sua profissão, assim como sabe que o presidente da Liga, apesar de todas as divergências que marcam as lutas de classe, tem a seu cargo a tarefa de gerir um ambiente de permanente hostilidade, onde cada clube se preocupa mais com o interesse individual do que com a indústria no seu todo", notou..O organismo presidido por Joaquim Evangelista partilha a "angústia e desânimo" com "muitos jogadores que tinham a expectativa de retomar a competição", mas reforça que "não aceitará a instrumentalização desta situação por aqueles que têm permanecido em silêncio e nada têm feito sobre os problemas estruturais do futebol português".."Tal como acontece no plano internacional, os jogadores exigem das entidades desportivas o respeito que o momento exige. Muito além da proteção da sua saúde, querem soluções ao nível da proteção dos seus postos de trabalho, do pagamento dos salários, da proteção social e do desemprego. Este é momento de analisar friamente e chamar a assumir a responsabilidade as entidades que tutelam o futebol", frisou..Comparando o fim da II Liga ao cancelamento antecipado dos campeonatos não profissionais, que vai "certamente agravar os problemas já existentes em várias equipas", o SJPF exige que o Governo coopere com os organismos do futebol português na salvaguarda dos direitos dos jogadores e trabalhadores dos clubes profissionais.."Apelamos à união de todos para encontrar soluções e pedimos a quem viu os interesses e objetivos individuais frustrados, o sentido de responsabilidade que o momento exige. Nada vai ser igual, nem para os jogadores, nem para os demais portugueses. Se não houver união, sentido de responsabilidade e trabalho sério de todos os intervenientes, não é esta época que fica afetada, são sobretudo os próximos anos", termina o comunicado..A disputa dos 90 jogos do principal escalão, que é liderado pelo FC Porto, com um ponto de vantagem sobre o campeão Benfica, assim como a final da Taça de Portugal, ainda está sujeita à aprovação por parte da Direção-Geral da Saúde de um plano sanitário apresentado ao Governo pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional..Quanto à II Liga, Nacional e Farense ocupavam os dois lugares de subida na altura da suspensão, com os insulares na liderança, com 50 pontos, mais dois que os algarvios..A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Cerca de 987 mil doentes foram considerados curados..Em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.351 confirmadas como infetadas, e há 1.647 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde..A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.