Sindicalista acusa ministro de devassa da vida privada

O presidente do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL) acusou hoje o ministro da Administração Interna (MAI) de "recorrer a ataques pessoais" e de devassar a sua vida privada, numa "clara tentativa de silenciar" o SINAPOL.
Publicado a
Atualizado a

A posição de Armando Ferreira consta de um documento enviado à agência Lusa depois de o ministro Miguel Macedo ter considerado hoje "verdadeiramente lamentável" a iniciativa desenvolvida pelo SINAPOL nos aeroportos do país e acusar o responsável pela ação de ter "zero horas de trabalho policial" em 2013. "Esse dirigente em causa, por exemplo, no ano passado, entre trabalho sindical, assistência à família e doenças teve de trabalho policial zero dias", criticou o ministro.

"Eu acho esse tipo de ações verdadeiramente lamentável", disse Miguel Macedo, aludindo à iniciativa do SINAPOL de distribuição de panfletos aos turistas nos aeroportos nacionais alertando que as dificuldades por que alegadamente passam os polícias podem fazer perigar a segurança do país.

O presidente do SINAPOL contrapõe que os dados pessoais fornecidos pelo ministro "não correspondem inteiramente à verdade", além de que são "assuntos da sua vida privada" e, "pior do que isso", faz "uso de informação privilegiada que tecnicamente nunca poderia tornar pública".

"Quanto às zero horas de trabalho policial, o senhor (ministro) tem razão e ele até sabe o porquê, pois já lhe foi por mim pessoalmente comunicado de forma confidente, que devido à minha deficiência com um grau de 60%, dos quais 54% são resultantes de um acidente ao serviço da PSP, estou impedido de fazer trabalho policial", refere Armando Ferreira.

O dirigente sindical adianta que esta situação o obriga muitas das vezes "a estar de baixa médica, devidamente comprovada e atestada", pelo que, qualquer tentativa de tal ser usado contra si, "é altamente reprovável".

Armando Ferreira diz deixar ao "critério dos portugueses e em especial dos seus colegas (da PSP)" o facto de um ministro ter de "recorrer a ataques pessoais, devassando a vida privada, para se defender", acrescentando: "Já me habituei ao longo dos últimos 10 anos de ser atacado, de todas as formas possíveis, sempre que o SINAPOL faz algo que incomoda, numa clara tentativa de me silenciar ou (a)o SINAPOL".

Quanto à ação do SINAPOL nos aeroportos nacionais, o presidente do sindicato alega que o ministro ainda não viu os folhetos, fazendo uso do "diz que disse" e baseando-se em "erradas informações quando acusa que o SINAPOL diz que Portugal não é seguro".

"Em parte alguma o SINAPOL diz que Portugal não é seguro, limita-se a dizer quanto ganha um polícia, quais o cortes de vencimento a que os polícias estão sujeitos, denuncia os péssimos serviços de saúde e salienta algo que é evidente: isto é, que os policias portugueses estão desmotivados", observa Armando Ferreira.

Para Miguel Macedo, o alerta do SINAPOL nos aeroportos "não corresponde à verdade, porque, nos termos do relatório anual da Segurança Interna, os resultados da criminalidade em Portugal em 2013 foram os melhores da última década".

Para Miguel Macedo, a ação do SINAPOL é também lamentável porque "significa verdadeiramente um desprezo pelo trabalho dos milhares de homens e de mulheres das forças de segurança, que garantem a segurança do país e dos portugueses".

"Compreendo que tenha essa dimensão de desprezo por esse trabalho porque, no caso concreto - não quero deixar de dizer isto porque gosto de ser frontal nestas matérias - esse dirigente em causa, por exemplo, no ano passado, entre trabalho sindical, assistência à família e doenças teve de trabalho policial zero dias", criticou.

Em 2012, ainda de acordo com Miguel Macedo, foram 11 dias de trabalho policial.

"Se todos os polícias fossem, coisa que não são, tão empenhados no trabalho policial como esse dirigente sindical, aí sim tínhamos razões para temer pela segurança do país. Felizmente, não é o caso", rematou.

Miguel Macedo falava em Amares, à margem de uma sessão de entrega às corporações de bombeiros do norte do país de equipamentos portáteis para operação na Rede SIRESP - Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt