Separatistas atacam turismo e fazem quatro mortos

Visados locais frequentados por estrangeiros. Não há vítimas portuguesas. Insurreição causou cinco mil mortos na última década.
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Uma série de ataques bombistas, com recurso a engenhos artesanais, causaram ontem quatro mortos e dezenas de feridos em diferentes lugares do Sul da Tailândia, tendo sucedido em pontos habitualmente frequentados por estrangeiros.

Os ataques, que não foram ainda reivindicados, sucederam menos de uma semana após a aprovação, em referendo, de uma nova Constituição que vem reforçar o papel dos militares na vida política do país. No total verificaram-se 11 explosões, duas delas ainda na noite de quinta-feira.

O governo de Lisboa informou não ter conhecimento de haver vítimas de nacionalidade portuguesa, segundo a agência Lusa. De acordo com o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, "até ao momento não há informação de algum português envolvido nos incidentes na Tailândia".

O Sul da Tailândia tem sido palco, desde os anos 60, de um movimento separatista, com bases na população muçulmana da região e crescentemente inspirado por orientações islamitas.

"Sabotagem local"

A sucessão de ataques de ontem é o mais grave surto de violência nos últimos anos, e teve como alvo aquela que é a principal fonte de divisas para o país. Mas as autoridades tailandesas procuraram desvalorizar o sucedido, considerando "não ser um ataque terrorista. É só uma sabotagem local", disse um porta-voz da polícia numa conferência de imprensa em Banguecoque, a capital do país.

Para aquele porta-voz, é "ainda cedo" para concluir quem está na origem dos ataques, mas excluiu a influência ou inspiração de "organizações estrangeiras".

Após o golpe militar de 2014, a economia tailandesa encontra-se estagnada, à exceção, precisamente do setor turístico. Números oficiais, citados ontem pelas agências noticiosas, indicam que 30 milhões de estrangeiros visitaram a Tailândia em 2015 e 14 milhões até maio do corrente ano.

Um porta-voz da polícia explicou que os engenhos, feitos à base de petardos, explodiram juntos de várias lojas e mercados, tendo ateado fogos em alguns casos. Um deles explodiu mesmo no interior de um estabelecimento especializado no comércio de lembranças para turistas.

Cinco mil mortos

A insurreição secessionista iniciada há mais de meio século esteve particularmente ativa nas décadas de 70 e 90, tendo voltado a conhecer um momento de recrudescimento na última década. Neste último período morreram mais de cinco mil pessoas.

No passado, os ataques recorreram a meios mais sofisticados do que os utilizados ontem. Um outro fator que diferencia o sucedido ontem da estratégia habitualmente seguida pelos separatistas é que nenhuma das explosões sucedeu nas três províncias - Patani, Jala e Menara, conhecidas como as províncias da fronteira do Sul - que aqueles consideram território ocupado indevidamente pelas autoridades tailandesas.

A região foi conquistada pela Tailândia na segunda metade do século XVIII. A grande maioria da população é de etnia patani (malaios) e segue o islão.

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