A seleção portuguesa vai para o Euro2020 vacinada. Pelo menos a maioria da comitiva. A garantia foi dada ao DN pela task force da vacinação, liderada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que justificou que "a vacinação da seleção portuguesa de futebol e da respetiva equipa técnica que irá participar no Euro2020, já concluída, insere-se na lógica de exceção, para ações especificas de representação oficial do País em eventos internacionais, junto de organizações que recomendam a vacinação dos participantes"..Ou seja, de acordo com esta explicação, não existe qualquer caso de os futebolistas passarem à frente na questão das prioridades..Também pelo mesmo motivo, aliás, os atletas que vão representar Portugal em Tóquio2020 foram imunizados. Um processo ainda em andamento visto que a qualificação para os Jogos Olímpicos só termina em julho."No caso especifico dos Olímpicos acresce que as vacinas utilizadas para o efeito, decorrente de um acordo de doação de vacinas da Pfizer com o Comité Olímpico Internacional, foram fornecidas pela Pfizer extra contratos", explicou ainda ao DN o porta voz da task force..Sobre quem foi vacinado, quem recusou e quem era elegível para a vacinação, nem uma palavra. Gonçalo Guedes, por exemplo, testou positivo antes de se apresentar ao serviço da seleção, tendo cumprido isolamento até ter testes inconclusivos e ser dado como apto, sendo por isso provável que não esteja ainda vacinado..Também os atletas que tiveram covid-19 há menos de seis meses terão ficado de fora do plano. Certo é que a vacinação foi opcional. O silêncio também é a arma da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para proteger os intervenientes e o seu direito à privacidade..Contactada pelo DN, a FPF remeteu qualquer explicação sobre o assunto pandemia para o site do organismo, mas acabou por emitir um comunicado horas depois onde confirmou que "quase totalidade do grupo [de trabalho] foi vacinada em tempo útil"..A vacinação é uma recomendação da UEFA para as comitivas dos 24 países que vão jogar o Campeonato da Europa, que começa esta sexta-feira e termina a 11 de julho. O organismo não fez disso uma obrigação, dando às federações a possibilidade de apresentar testes negativos PCR antes dos jogos e das muitas viagens, até porque a vacinação não trava o contágio. Este Euro2020 vai jogar-se em 11 cidades de 11 países, o que obriga a mudanças constantes de hotéis, centro de treinos e estádios..O assunto da vacinação a lume nos últimos dias com um caso positivo de covid-19 na seleção espanhola. O capitão espanhol, Sergio Busquets, testou positivo, depois do jogo com Portugal (sexta-feira, 0-0) e levantou várias questões sobre o plano sanitário das equipas que vão jogar o Europeu. .Uma dessas interrogações tinha a ver com a seleção portuguesa e a apreensão da comitiva nacional depois do contacto com o jogador espanhol, mas o DN sabe que isso não é verdade, até porque o grupo já estava vacinado. Além disso, segundo os testes realizados ontem à covid-19, não há infetados no grupo português..O único contato com Busquets, sem ser em situação de jogo foi só alguns segundos, aquando da troca de ofertas com Ronaldo no início do jogo, sendo que o capitão português já teve covid-19 há seis meses. Além disso, a UEFA considera contacto próximo qualquer pessoa que tenha estado no mesmo local a uma distância inferior a dois metros durante mais de 15 minutos..Nem todas as seleções vão chegar ao Euro vacinadas. Além de Portugal, Bélgica, Itália e a Polónia vacinaram os atletas, na equipa francesa alguns futebolistas também foram, mas a seleção inglesa, por exemplo, não quis ser. Na Holanda também vários jogadores recusaram..No caso específico de Busquets, o médio foi informado do resultado após um jantar dos jogadores, no domingo, e levado de ambulância, como manda o protocolo, para a sua casa em Barcelona onde vai cumprir isolamento e provavelmente ser excluído dos convocados. A UEFA estendeu as listas habituais de 23 eleitos para 26, mas o selecionador espanhol chamou apenas 24 para não deixar mais craques na bancada a cada jogo..Segundo o regulamento é possível fazer uma troca direta por lesão ou covid-19 até 24 horas antes da estreia, mas para já o selecionador espanhol ainda não dá o capitão como perdido. Chamou quatro jogadores para treinar - Rodrigo Moreno, Fornals, Carlos Soler e Brais Méndez - e depois decidirá se faz a troca ou se mantém Busquets..A comitiva espanhola, de cerca de 50 pessoas, passou ontem por mais um teste PCR, para acautelar que o caso do médio do Barcelona é o único, uma vez que houve jantar de grupo num restaurante, no domingo, dia de folga. Como estava assintomático, pela lógica, o jogador foi infetado nos últimos sete dias e por isso teme-se que haja mais casos, apesar de todos os outros terem testado negativo. Se o contágio de Busquets persistir e se espalhar descontroladamente, a Espanha corre o risco de ser excluída da prova. Assim como qualquer seleção em situação idêntica..Este caso levou a federação espanhola a revelar indignação com a ministra da Saúde, Carolina Darias, por não ter respondido às reivindicações para que os jogadores fossem vacinados, como foi feito com os atletas olímpicos. Segundo a REEF, há mês e meio que pediram 25 vacinas (24 jogadores e o selecionador), mas o organismo espanhol defendeu que o pedido só foi feito na quinta-feira e que só hoje decidirá. No entanto, segundo a imprensa, a comitiva deve ser vacinada até quarta-feira com a vacina Johnson & Johnson de toma única..Certo é que o caso positivo do capitão limita a preparação da seleção. Além de não poder testar a equipa no particular com a Lituânia, Luis Enrique terá que fazer sessões individuais em vez de treino coletivo. Além disso a Federação acionou o plano de segurança máxima, separando os jogadores e equipa técnica da restante comitiva da federação e ninguém pode ter contacto com a família a partir de ontem. As visitas e os eventos publicitários foram cancelados..Medidas que parecem não acalmar a Suécia, adversária da Espanha na estreia, dia 14. Os suecos querem que os espanhóis cumpram quarentena de 10 dias, o que implicaria adiar o jogo... ou não. Segundo as regras da UEFA, desde que haja 13 jogadores disponíveis há jogo e a seleção esapnhola tem 13 jogadores que já tiveram covid-19 e como tal imunizados e livres para jogar..1- No caso de um grupo de jogadores de uma equipa ser colocado em quarentena obrigatória ou auto-isolamento após uma decisão de uma autoridade nacional/local, a partida começará como programado, desde que a equipa tenha pelo menos 13 jogadores disponíveis (incluindo pelo menos um guarda-redes). Todos os jogadores são elegíveis para representar a equipa nacional de acordo com o artigo 46 dos regulamentos da competição se tiveram o teste negativo, conforme exigido pelo Protocolo da UEFA. O jogador adicional chamado para cumprir o mínimo de 13 jogadores precisa dos mesmos requisitos. Quem sair da lista não poderá ser chamado de novo..2- Se uma federação nacional não conseguir alinhar um número mínimo de jogadores (ou seja, 13 incluindo pelo menos um guarda-redes), o jogo, se possível, será remarcado no prazo de 48 horas a contar da data do jogo correspondente. A UEFA tem o poder de reagendar a partida e até mudar o local do jogo se necessário..3- Se o jogo não puder ser remarcado, o Órgão de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA tomará uma decisão, podendo declarar que o jogo não disputado é considerado perdido, por 3-0..4- Se qualquer membro da equipa de arbitragem designada para um jogo for positivo para covid-19, a UEFA pode, excecionalmente, nomear árbitros de substituição, que podem ser da mesma nacionalidade de uma das federações em causa e/ou não podem estar na lista internacional da FIFA..*Com Valentina Marcelino.isaura.almeida@dn.pt