S&P acha que há plano B para potencial chumbo do TC
Embora o governo rejeite a existência de um plano B, para compensar um eventual chumbo do Tribunal Constitucional, o director da Standard & Poors para a notação da dívida de países europeus, Frank Gill acredita que "se uma decisão legal" puser em causa o cumprimento do programa de ajustamento, o governo irá "encontrar outro caminho".
Este responsável da agência de classificação da qualidade da dívida mostra-se por isso convicto de que um plano alternativo, com medidas de "back-up", será accionado de modo a que o governo possa "alcançar os seus objectivos orçamentais".
"O que temos até agora é que o governo tem planos de back-up. Então, se uma decisão legal forçar o governo a encontrar um outro caminho, para alcançar os seus objectivos orçamentais, eles fá-lo-ão", afirmou Frank Gill, entrevistado em Bruxelas pelo DN/Dinheiro Vivo.
No entanto, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque tem vindo a afirmar que no governo "não há plano B", manifestando a "convicção de que o Tribunal Constitucional compreenderá que as medidas são necessárias, justas e equitativas".
Mas, os responsáveis pela avaliação do rating das dívidas soberana veem "preocupações" do ponto de vista legal, que "parece" poderem vir a "tornar difícil" o trabalho de reforma que o governo quer executar, ao abrigo do programa de assistência financeira.
"A nossa preocupação é que em alguns aspectos parece que vai tornar-se difícil para o governo avançar com diversas propostas orçamentais originais. Em parte por preocupações legais a nível interno", afirmou.
Por outro lado, Gill reconhece que "é muito difícil, depois da redução orçamental, que já ocorreu, continuar a avançar com cortes no consumo e no investimento público, dado que a economia real é realmente difícil e o desemprego é alto", considerando que "está a ser um ajustamento muito difícil", no caso português.
O responsável da agência de notação reconhece também que socialmente, os portugueses vivem "numa situação muito difícil". No entanto, o que o preocupa é avaliar "se a dívida comercial pode ser paga a tempo e horas e na sua totalidade".
"Temos uma notação de duplo B para Portugal. Continua a haver alguma incerteza e preocupação sobre as perspectivas económicas e sobre algumas preocupações para o governo, na progressão dos seus objectivos particularmente ambiciosos", afirmou.