Risco de hospitalização com a variante Ómicron é 75% inferior face à Delta
Quem fica infetado com a variante Ómicron do vírus SARS-Cov-2, responsável pela covid-19, tem um risco de hospitalização 75% inferior em comparação com pessoas infetadas com a variante Delta. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), revelado esta sexta-feira.
Concluiu-se também que os doentes infetados com a variante Ómicron ficam em média menos quatro dias internados do que os infetados com a Delta. Os especialistas apontam ainda uma redução no risco de morte de 86% em pessoas infetadas com a Omicron em comparação com a Delta, embora este valor represente uma maior "incerteza", refere o estudo.
Publicado na plataforma MedRxiv, não tendo ainda sido sujeito a revisão de pares, o estudo mostra que as pessoas infetadas com Ómicron têm, em média, internamentos mais curtos e menor risco de morrer.
A investigação portuguesa, que incluiu quase 16 mil indivíduos com 16 ou mais anos, diagnosticados com covid-19 entre 1 e 29 de dezembro, "revela que, por cada 100 pessoas internadas que estavam infetadas com a variante Delta, só 25 pessoas seriam internadas se tivessem sido infetadas com a variante Ómicron". Isto "independentemente da idade, do sexo, do estado vacinal e de se ter tido uma infeção anterior", lê-se no comunicado conjunto da DGS e do INSA sobre o estudo que foi desenvolvido em colaboração com os laboratórios Unilabs, Cruz Vermelha, o Algarve Biomedical Center, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
O estudo refere que os doentes infetados com a variante Delta ficavam, em média, 8,6 dias internados, enquanto nos pacientes infetados com a Ómicron o tempo de hospitalização baixou para 3,7 dias.
"Esse facto tem implicações importantes na gestão dos serviços hospitalares e reduzirá o impacto das ondas de Ómicron nos sistemas de saúde", lê-se no estudo.
Durante o período em que decorreu a investigação, 148 pessoas foram internadas devido à variante Delta e 16 por causa da Omicron, sendo que neste caso a permanência no hospital foi "significativamente menor". Foram reportadas 26 mortes, todas no grupo de doentes infetados com a Delta.
Os resultados deste estudo mostraram "resultados encorajadores que suportam os achados de estudos semelhantes realizados em outros países" no que se refere "à magnitude da redução do risco de internamento e mortalidade de infeções por Ómicron em comparação com Delta", destaca a DGS.
A autoridade nacional de saúde sublinha, no entanto, que a variante Ómicron está "associada a maior capacidade de escapar parcialmente à proteção do esquema vacinal completo e a uma elevada transmissibilidade", o que se traduz num maior número absoluto de casos de infeção. Desta forma, "mesmo com redução de gravidade, pode existir risco de sobrecarga do sistema de saúde", reforça.
Nesse sentido, a DGS "continua a recomendar a vacinação de reforço e a testagem regular, de forma a manter os efeitos da pandemia no sistema de saúde controlados".