Remodelação em circuito fechado. Com os olhos num futuro governo

Primeiro-ministro chamou para o seu núcleo mais político os secretários de Estado que mais diretamente trabalhavam consigo e deu palco à geração que no futuro pode liderar o PS. E a pensar na orgânica do próximo executivo. Se socialistas contarem com maioria no Parlamento.
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A quarta remodelação de António Costa foi feita num circuito fechado, mas calculado: o primeiro-ministro chamou para o seu núcleo mais político os secretários de Estado que mais diretamente trabalhavam consigo, Mariana Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos - e deu palco à geração que no futuro pode liderar o PS, incluindo também Duarte Cordeiro.

António Costa disse que esta remodelação é uma "separação de águas", que "era necessária" por que "não seria bom que houvesse uma confusão de papéis sobre quem exerce funções governativas e quem é candidato a outros órgãos", explicou-se o primeiro-ministro referindo-se aos dois ministros remodelados que integram a candidatura socialista às eleições europeias: Pedro Marques, confirmado no sábado como cabeça-de-lista, e Maria Manuel Leitão Marques.

Na verdade, esta é também uma operação que permite ao primeiro-ministro preparar já a estrutura orgânica de um próximo governo, caso consiga formá-lo, com uma maioria de esquerda no Parlamento, como já tinha antecipado o DN na sua edição de sábado.

Primeira mexida na estrutura: o Ministério do Planeamento e Infraestruturas é partido em dois: de um lado a gestão de fundos comunitários; do outro, as Infraestruturas, gabinete que ganha ainda as políticas de habitação e soma um secretário de Estado adjunto e das Comunicações - que até aqui não tinha denominação própria.

Outra alteração na orgânica: Ana Pinho, a secretária de Estado da Habitação é reconduzida, mas deixando a tutela de João Pedro Matos Fernandes, passando para a de Pedro Nuno Santos.

A gestão dos fundos da UE terá direito a ter um ministério próprio, quando vem aí a negociação do próximo quadro comunitário de apoio de 2020 a 2027.

O executivo inclui agora 17 ministros (ganhou um, porque saíram dois mas entraram três, com a divisão do ministério que Pedro Marques tutelava até aqui) mais o primeiro-ministro. E mantiveram-se os secretários de Estado. Há menos um no seu gabinete - Duarte Cordeiro acumula as funções de Mariana Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos - mas a divisão do Planeamento e Infraestruturas (que tinha dois secretários de Estado) fez ganhar um novo membro nos dois novos gabinetes.

O grande artífice dos orçamentos da geringonça e do estado permanente de negociação entre o Governo socialista e os partidos da esquerda que têm apoiado o executivo ganha peso. Com 42 anos, o presidente da Federação Distrital do PS de Aveiro vê finalmente reconhecido o seu lugar no executivo com a promoção a ministro. E Pedro Nuno Santos chamou para seu adjunto, com a tutela das comunicações, Alberto Souto, o socialista que noutra geração roubou a autarquia de Aveiro ao CDS, onde os centristas governavam desde 1976.

Para o apoiar nas Infraestruturas, Nuno Santos abdicou de Guilherme W. d'Oliveira Martins, o único secretário de Estado que acabou remodelado, apostando antes no atual presidente do Metro do Porto, Jorge Moreno Delgado.

Mariana Vieira da Silva chega a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa com os mesmíssimos secretários de Estado que já estavam com Maria Manuel Leitão Marques desde a remodelação de outubro de 2017: Tiago Antunes, Luís Goes Pinheiro e Rosa Monteiro.

Nelson de Souza, o até aqui secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, passa a tutelar os fundos comunitários, com uma secretária de Estado a apoiá-lo, com a pasta do Desenvolvimento Regional: Maria do Céu Albuquerque, membro do Secretariado Nacional socialista, era a atual presidente da Câmara de Abrantes.

A tomada de posse de ministros e secretários de Estado será em simultâneo, pelas 15.00 desta segunda-feira, no Palácio de Belém.

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