Reclusos "têm razão mas não legitima partir e queimar", diz diretor das prisões
Os reclusos "têm razão em estar chateados, mas isso não legitima que comecem a partir e a queimar coisas", afirma o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais. Em declarações ao DN, Celso Manata não esconde quem considera responsável pelos recentes incidentes nos estabelecimentos prisionais (EP) de Lisboa e do Porto (Custóias): o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), cuja greve e plenários impediu que se realizasse as visitas prevista para os reclusos.
"Só não vê quem não quer. Se as pessoas estavam à espera das visitas e, à última da hora, são canceladas, é normal que fiquem chateadas", diz este responsável. Garante que se tratam de protestos "pontuais, que já duram há mais de um ano, com um motivo bem definido e que é a questão das visitas. Nada mais".
Celso Manata não vê os casos das EP de Lisboa e do Porto como "prenúncio" de um protesto ou motins mais generalizados, mas admite por que possa acontecer "mais problemas" sempre que as iniciativas sindicais comprometerem as visitas.
Caso aconteçam novas revoltas, o diretor da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais deixa um aviso firme: "Todos os estabelecimentos prisionais têm profissionais para intervir de imediato. Numa primeira fase os guardas e logo a seguir, se necessário, o Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais".
Pedro Silvério, da direção do SNCGP, refuta responsabilidades. "Não estamos a fazer nada mais do que a cumprir a lei e até fazemos mais do que os serviços mínimos previstos. Estamos nesta luta porque a direção-geral dos Serviços Prisionais e a ministra da Justiça não cumprem a lei. Andam a brincar connosco há um ano".
O dirigente sindical acrescenta que a tutela tinha sido informada há uma semana da realização do plenário esta quarta-feira (e que foi dado como estando na origem do motim na cadeia de Lisboa na terça-feira à noite porque obrigou à suspensão das visitas previstas para hoje), "mas a direção-geral só avisou o estabelecimento prisional às 18 horas desta terça-feira quando os reclusos já não conseguiam avisar as famílias".