A entrega ao Egito da responsabilidade da organização da conferência da ONU sobre alterações climáticas (COP27) em 2022 é uma "recompensa ao poder repressivo" do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, criticou esta segunda-feira (15 de novembro) a organização Human Rights Watch (HRW)..O Egito, que segundo várias organizações não-governamentais tem cerca de 60 mil presos de consciência, corre o risco de usar o "papel de anfitrião" da COP27 "para levar as pessoas a esquecerem o histórico pavoroso do país em termos de direitos humanos", alertou a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, num comunicado..Na semana passada, na COP26, em Glasgow (Escócia), o Cairo foi designado para a realização da conferência internacional, "uma escolha incrivelmente má", afirmou Joe Stork, vice-diretor do departamento de Médio Oriente da HRW..Os países participantes da COP27 "devem pressionar o Egito a libertar os milhares de presos por apenas terem exercido a liberdade de expressão e o direito de reunião", como é o caso de Ahmed Amacha, diretor da Associação Árabe para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, detido desde 2020 e citado no comunicado..Além disso, sublinha a HRW, a COP27, que terá lugar na estância balnear de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, não poderá acolher eventos de protesto habituais durante encontros internacionais pelo clima porque estão proibidos no Egito desde 2013..Desde que Sissi assumiu o poder, naquele ano, o regime tem reprimido toda a oposição e visado, em particular, a sociedade civil. Tal, porém, não impediu o Egito de, em 2018, acolher a sede da COP14 sobre biodiversidade, também em Sharm el-Sheikh..No sábado (13), após duas semanas de intensas negociações, cerca de 200 países aprovaram um texto considerado "morno" destinado a acelerar o combate ao aumento das temperaturas, que não garante, contudo, o cumprimento da meta de conter o aquecimento a 1,5° Celsius em relação à era pré-industrial, nem responde aos pedidos de ajuda dos países mais vulneráveis..A 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) adotou formalmente, no sábado, uma declaração final com uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão..A alteração foi proposta pelo ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, que no plenário de encerramento da COP26 pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões..A proposta acabou por ser aprovada pelo presidente da cimeira, Alok Sharma, que afirmou de voz embargada "lamentar profundamente a forma com este processo decorreu"..O documento final aprovado, que ficará conhecido como Pacto Climático de Glasgow, preserva a ambição do Acordo de Paris, alcançado em 2015, de conter o aumento da temperatura global em 1,5ºC (graus celsius) acima dos níveis médios da era pré-industrial..O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, comentou o acordo alcançado em Glasgow alertando que apesar de "passos em frente que são bem vindos, a catástrofe climática continua a bater à porta".