O ministro Azeredo Lopes demitiu-se. Eis o que tem, em si, importância bem relativa: a demissão pode estar relacionada com aquela circunstância de um ministro, além de ser, ter de parecer. Admite-se que o ministro Azeredo Lopes parecia demais. 1) Parecia que o ministro não fora claro sobre a escuridão do roubo de Tancos, e era de esperar que um ministro não parecesse tão vago sobre assunto tão sério. 2) O ministro parecia ter podido saber de um memorando, onde gente sob a sua alçada confessava uma ação criminosa..Qualquer dessas duas aparências pode justificar uma demissão. E, na política, essas saídas por aparência, se são sempre uma derrota, não indiciam necessariamente uma culpa. A primeira aparência, mesmo confirmando-se a suspeita, não garante que o ministro saia manchado. Só mostra que ele não foi suficientemente ministro..Outra coisa é o caso da segunda aparência. Se esta for confirmada - Azeredo sabia mesmo do memorando e calou - não nos bastará a demissão do ministro. E isso porque este caso de Tancos é muito mais do que as tricas políticas onde desemboca sempre a discussão sobre as coisas públicas. Tancos é muito mais do que este episódio de demissão..Uma possível demissão do ministro, escrevi exatamente há uma semana, é irrelevante perante o essencial. E o que temos mesmo de esclarecer (escrevi então e repito) é: 1) em Tancos roubaram-se armas e urge apanhar os ladrões; e 2) em consequência do roubo, militares e não se sabe quem mais envolveram-se numa manobra para proteger os ladrões. Os responsáveis de 1) e de 2) devem ser perseguidos e punidos. E devemos saber tudinho sobre isso.