O ano de 2019 acabou como começou 2020: com a notícia da morte de jovens à mão de outros jovens. Com o passar dos meses, novas mortes, cada uma mais chocante do que a outra: desmembramentos, tortura, um corpo atirado ao rio... Todas elas perpetradas por gente nova que deveria estar a construir uma vida e não a tirá-las. Por isso chocam tanto estas mortes, porque são movidas por razões fúteis, porque a vida é roubada a quem a perde, mas também a quem a tira - são futuros que se cobrem de negro e outros que se encurtam. A última aconteceu na quinta-feira à noite. Todos os protagonistas destas histórias têm um nome, um rosto, uma família que os chora: Beatriz Lebre, 23 anos, morta por um colega que não soube lidar com a rejeição e lhe desferiu várias pauladas na cabeça até à morte e depois se desfez do corpo no Tejo; o rapper Mota Jr. (28) sequestrado à porta de casa para lhe roubarem objetos de valor; Diogo Gonçalves (21) seduzido por duas raparigas que pretendiam roubar-lhe os 74 mil euros que recebeu do seguro pela morte da mãe e que foram cruéis ao ponto de lhe cortar o corpo em pedaços e deixá-los em diferentes locais; Luís Giovani Rodrigues (21), cabo-verdiano, morto por vários indivíduos, depois de um desentendimento numa discoteca em Bragança; Pedro Fonseca (24), morto com duas facadas porque ousou resistir a um assalto, no Campo Grande, em Lisboa..Também no Campo Grande, anteontem à noite, um jovem de 15 anos foi atingido com seis facadas no corpo, três no tórax e três nos braços. Morreu horas depois. Os protagonistas e os contornos desta história ainda não são conhecidos com pormenores, mas a PSP suspeita de que se trate de um ajuste de contas - um menor, de 14 anos, já foi detido..Em cinco meses, até maio, as notícias sucederam-se. Motivações diferentes levaram gente nova a ceifar a vida a outros jovens, mas será esta sucessão de acontecimentos apenas uma coincidência? A sociedade está a ficar mais violenta? As séries televisivas criminais estão a influenciar comportamentos? - a pergunta não é despicienda quando as autoras do crime do Algarve, que resultou no esquartejamento de Diogo, disseram que se inspiraram em Dexter, o serial killer que cortava as suas vítimas em pedaços..Mesmo tratando-se de vidas, é preciso recorrer-se aos números para encontrar explicações. E e esses dizem que a tendência de homicídios de jovens adultos por outros jovens adultos - vítimas e agressores até aos 30 anos - mantém uma tendência de estabilização nos últimos cinco anos. A média anual neste período é de cerca de uma dezena de homicídios, mas no primeiro semestre deste ano a Polícia Judiciária já tem registo de oito. O ano de 2016 foi o mais trágico, com 13 homicídios. Curiosamente, a nível global, esse foi um ano em que em Portugal os homicídios caíram abaixo de uma centena - 76 crimes contra os 102 ocorridos em 2015..Afinal, há mais crimes ou mais violência? A resposta é dada por Cristina Soeiro, psicóloga forense e responsável pelo Gabinete de Psicologia e Seleção na Escola de Polícia Judiciária: "Os homicídios diminuíram, ficaram os homicídios relacionados com pessoas. A violência está mais associada a coisas menos usuais, ou seja, à violência extremada, bizarra. Está mais associada a pessoas que têm baixo controlo de impulsos, perturbações mentais, psicopatia, esquizofrenia paranoide. Os crimes de honra, ou outras formas de homicídio que ocorriam no passado, como os relacionados com propriedades, foram diminuindo. Para além disso, temos uma maior visibilidade social face aos fenómenos. Hoje em dia o crime é notícia.".Os homicídios em Portugal, de uma forma geral, têm vindo a decrescer - segundo o Relatório Anual de Segurança Interna. Tomemos como exemplo o ano de 2006, quando se registou a morte de 198 pessoas às mãos de terceiros. Um número elevado só comparável a 1975. Aliás, entre 1971 e 1977, os homicídios atingiram os níveis mais elevados, uma subida associada ao regresso dos soldados do Ultramar e dos portugueses que viviam nas ex-colónias, bem como à redução da emigração..Desde 2012 (149) a tendência é para descer, sendo que em 2016 se registou o número mais baixo (76). Em 2018, os últimos dados do RASI disponíveis - o relatório do ano passado só deverá ser entregue no final deste mês - apontam 110 crimes..Premeditação ou surtos psicóticos?.O padrão de comportamento é comum a estes jovens adultos que, por motivações diferentes como razões, roubos que correram mal ou amores mal correspondidos, decidem num ápice acabar com a vida de outros?.Os mais novos estão na categoria dos crimes com premeditação, associados ao poder/controlo, explica Cristina Soeiro numa análise mais teórica, sem se referir a nenhum destes cinco crimes. "Nos homicídios relacionados com o roubo, surgem os indivíduos mais jovens e o crime é instrumental, cometido com arma de fogo ou arma branca. É mais expressivo nos grupos mais jovens, resultante da instabilidade e do consumo das drogas, de um estilo de vida hedonista, podem até ter um traçado de personalidade mais manipulativo, personalidades mais narcísicas, sem ligações emocionais. Nos homicídios em relações de intimidade, aparecem os indivíduos que estão associados ao stalking, que já tinham feito ameaças de morte, e têm problemas de saúde mental: psicopatia, perturbação da personalidade compulsiva com ideação paranoide intensa. Os crimes são premeditados, não têm que ver com surtos. Estas pessoas podem usar armas de fogo, mas também estrangulamento, uma coisa muito pessoal.".A hipótese de um surto psicótico já foi levantada pela defesa de Rúben Couto, de 25 anos, para explicar o ato que o levou a matar de forma tão cruel a amiga Beatriz Lebre a 22 de maio - é o homicídio mais recente destes cinco. Os amigos e conhecidos descreveram-no como alguém sobre quem seria impensável imaginar tamanha crueldade. O jovem licenciado em Psicologia - o mesmo curso de Beatriz que agora estava a tirar um mestrado e que, ao mesmo tempo, trabalhava numa loja do centro comercial Colombo - era, na boca de quem o conhecia, "charmoso", culto, e chegou até a escrever artigos sobre cinema . Fez voluntariado em Moçambique e descreveu essa experiência como enriquecedora, dando-lhe outra perspetiva dos valores materiais e da vida. Ninguém, nos seus piores pesadelos, o via a praticar um crime tão hediondo..Será um surto psicótico que pode vir a explicar o inexplicável? A justificar porque é que Rúben matou Beatriz à paulada e depois a atirou ao rio - o corpo foi encontrado uma semana depois junto a Santa Apolónia. Que justificações haverá para fazer questão de acompanhar os pais no desespero do desaparecimento da filha - o querer estar a par de tudo, manobrar, perceber o rumo da investigação? Não quer isto dizer que agiu com premeditação? Os especialistas dirão futuramente em que perfil se enquadra Rúben.."Podemos ter situações de perturbações de personalidade associadas a estes comportamentos, mas também podemos ter casos em que a pessoa que comete o crime poderá estar, no momento da prática criminal, numa circunstância de anomalia psíquica ou incapaz de avaliar a ilicitude do ato e, nesse contexto, estamos perante uma situação de inimputabilidade", começa por explicar Renata Benavente, psicóloga forense e consultora do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses (IMLCF). Os processos de inimputabilidade requerem uma análise psiquiátrica, e muitas vezes psicológica, para ajudar o tribunal a decidir a pena..E nesses casos de inimputabilidade podem entrar as situações em que o crime é cometido na sequência de um surto psicótico - o agressor pode, por exemplo, estar com alucinações auditivas, a ouvir uma voz persistente que lhe dá o comando para executar um determinado ato. Atos com consequências irreparáveis..Frieza emocional e desprezo pela vida dos outros."Há outras situações - que me parece ser a da maioria dos indivíduos que cometem este tipo de crimes - e que são as perturbações de personalidade, quadros de perturbação antissocial, psicopatia. Para os tribunais é muito importante avaliar as características destes indivíduos porque também são indicadores de prognóstico, ou seja, permitem antecipar o que se pode esperar daquela pessoa em termos de inserção e reabilitação. E é por essa razão que os tribunais solicitam frequentemente avaliações periciais para avaliação da personalidade dos agressores, para definir penas e sanções", sublinha a psicóloga forense..Nos casos de homicídio, sublinha, muitas vezes os agressores apresentam traços de personalidade de frieza emocional, ausência de remorsos, falta de empatia e desprezo pela vida dos outros.."Quando falamos de psicopatia pensamos muito naqueles indivíduos que cometem crimes de determinado tipo, pessoas que estão muito desviadas daquilo que é o percurso social normativo. Mas também temos os chamados psicopatas bem integrados. Há investigação que mostra que algumas posições laborais são predominantemente ocupadas por indivíduos com estes traços - estão bem integrados mas não deixam de ter todas estas características. Podem não ter comportamentos que configurem a prática de crimes, mas reúnem todas as outras características, como a falta de empatia, a ausência de culpa, alguma impulsividade, irresponsabilidade, muitas vezes têm um deficiente controlo comportamental", diz a psicóloga forense..Pode ser o caso de Rúben, licenciado, alguém que até fez voluntariado? Renata Benavente responde: "É uma hipótese, são pessoas que muitas vezes têm um encanto superficial, muito sedutoras do ponto de vista das relações, manipuladoras, com um autoconceito muito elevado, um sentido grandioso do seu próprio valor, um tipo de características que podemos encontrar em pessoas que estão entre nós.".O facto de "ajudar" os pais de Beatriz e a polícia pode justificar-se, diz, por ser uma pessoa com a frieza emocional e capacidade para pensar o que pode funcionar naquele momento para benefício próprio, para não desconfiarem dele..O inspetor-chefe que desceu ao inferno.António Teixeira trabalhou 34 anos na PJ, muitos deles como inspetor-chefe da brigada de homicídios. Viu de tudo. Centenas e centenas de crimes. Alguns que não consegue mesmo esquecer.."Nada justifica uma morte. O porquê interior de aquilo acontecer... Esse é o grande fascínio da investigação de homicídios, descer até ao inferno. Desci tantas vezes ao inferno e digo sempre que fechava o interruptor, mas não se fecha nada, nunca se está indiferente. Hoje tornei-me um indivíduo diferente, rio-me muito. Antes era um indivíduo cinzentão, que vestia uma carapaça, lidava com a dor de todos, com uma dor tremenda e não era fácil." O que diz sobre estes crimes? Em primeiro lugar que os número se tem mantido ao longo dos anos - "já houve períodos mais violentos em termos de homicídios do que aqueles que estamos a atravessar, embora não haja uma definição muito precisa em termos de idades"..Fala a voz da experiência: "Em termos deste tipo de homicídios de colegas, estamos a falar sempre do mesmo. Não é o facto de serem colegas que está em causa, mas de paixões, e rejeições e isto é uma constante do ser humano. As paixões e rejeições foram o leitmotiv de grande parte dos crimes de sangue", sustenta António Teixeira..Recorda-se de um homicídio em Telheiras, em 2005, quando um jovem, depois de matar a namorada, decidiu colocá-la num caixote do lixo e deitar fogo ao corpo. "Foi um dos poucos casos em que chegámos primeiro do que a PSP, a denúncia foi diretamente para nós. Era uma miúda também do Alentejo e tive de lá ir, às tantas da noite, dar a notícia aos pais. Está a ver, não está? Como é que se diz a uns pais que a filha única que tinham tinha sido assassinada?".São as tais "descidas ao inferno". António Teixeira lembra o caso de Telheiras para mostrar que a violência vem de há muito. "As questões amorosas levam por vezes a limites de malvadez. Há pessoas más e quando rejeitadas são capazes de ter comportamentos absolutamente absurdos."."No caso do crime do Algarve, se me disser que é de uma violência muito grande e de uma insensibilidade muito grande, é. Somos capazes do bom e do mau, do pior. Por isso é que somos humanos.".O crime de que o antigo chefe dos homicídios da PJ fala é do assassinato de Diogo Gonçalves, 21 anos. O jovem informático conhecia uma das duas suspeitas, e terá falado a uma delas dos 70 mil euros que recebeu do seguro pela morte da mãe. As duas raparigas, de 19 e 23 anos, uma enfermeira e outra segurança, engendraram um plano terrível: uma delas terá aliciado Diogo para uma saída noturna, mas o desfecho estava longe de ser aquele que Diogo imaginou: o rapaz acabou amarrado, feito cativo, obrigado a dar os códigos de multibanco. Foi asfixiado e o seu corpo esquartejado - a cabeça apareceu em Tavira, o tronco em Sagres..As duas suspeitas do crime, agora em prisão preventiva, terão dito que se inspiraram em Dexter para tamanho requinte. "Há muito tempo que conhecemos o copycat effect [efeito de imitação], que foi estudado aquando dos crimes de Jack, o Estripador, porque na sequência daquelas ocorrências surgiram crimes similares e sabemos que o comportamento humano também se rege por estas situações de imitação - a dinâmica também é conhecida em relação ao suicídio. E depois há esta confusão entre o que é real e fantasia e isso pode sustentar estas decisões de que o que se vê nas televisões pode ser replicado na vida real. O efeito de imitação pode acontecer quando há uma fragilidade prévia.".Os grupos, as rixas, a impulsividade.O rapper Mota Jr, de 28 anos, desapareceu a 15 de março da porta de sua casa, em Sintra, e o corpo só seria encontrado na Arrábida passados mais de dois meses, a 18 de maio. A investigação da PJ aponta para um roubo violento que terminou da pior forma para o músico, que terá sido torturado para lhe roubarem as joias que ostentava nos vídeos. Já há dois suspeitos do crime em prisão preventiva: Edi Barreiros, de 26 anos, foi detido no aeroporto do Porto quando regressava de Londres, e João Luízo (26) foi capturado em Manchester. As autoridades acreditam que um terceiro suspeito ainda se encontra no Reino Unido..Sem se referir especificamente a este caso, a profiler da PJ Cristina Soeiro refere que os homicídios em contexto de grupo envolvem muitas vezes vingança, droga, rivalidades. "Estamos a falar de indivíduos impulsivos, alguns com histórico criminal. No caso de roubo, optam por resolver a ocultação do crime, o homicídio é uma resposta à resolução de um problema.".Mas nestas situações, faz questão de alertar, há que distinguir entre os mandantes e os executantes. "Quem executa têm de ser pessoas impulsivas, com uma estrutura de personalidade com problemas a nível emocional, falta de empatia, pouca capacidade de sentimento de culpa - duas coisas que aparecem na perturbação da personalidade e o que melhor o explica é a psicopatia.".As rixas da noite estão também muito associadas a grupos de jovens. Terá sido uma dessas situações que tirou a vida a Giovani Rodrigues, o estudante cabo-verdiano do Politécnico de Bragança que morreu a 31 de dezembro de 2019, dez dias depois de ter sido agredido por um grupo de 15 homens à saída de uma discoteca em Bragança. Desde o início que a PJ recusa motivações raciais neste caso. Às vezes são situações tão banais as que resultam nestas mortes. "Um jovem olha para a miúda, o namorado da miúda não gosta e espera por ele à saída da discoteca..." Terá sido mais ou menos o que aconteceu, só que Giovani e os amigos teriam à sua espera 15 homens, munido de paus, ferros e cintos..Cristina Soeiro fala de uma espécie de equação letal: arma de fogo, risco, discussão, morte. E o risco a que se refere é a impulsividade, a baixa capacidade de controlo, a envolvência com grupos antissociais. Há ainda outro fator a acrescentar à equação: "Pode haver envolvência de consumos, mas os consumos não explicam, são facilitadores da violência.".Pedro Fonseca não se envolveu numa rixa, mas decidiu confrontar os três jovens que o queriam assaltar - de 16,17 e 20 anos. A mesma impulsividade referida por Cristina Soeiro falou mais alto e, sem pensar nas consequências, um deles desferiu duas facadas no filho de um antigo inspetor da PJ. "São atos mais impulsivos em que a pessoa se descontrola, até sem intenção de matar, para assustar o outro, e a coisa não corre como esperado. São essas variáveis que o tribunal vai avaliar com muito cuidado porque é diferente termos um crime premeditado com planeamento do que um ato impulsivo em que as pessoas mostram arrependimento", refere Renata Benavente..O antigo inspetor António Teixeira aponta a imaturidade, o sangue na guelra dos mais novos. "É mais perigoso um assalto praticado por jovens com arma de fogo do que um assalto por indivíduos adultos, já experimentados. Os jovens apertam o gatilho com muita facilidade. Estão nervosos, não têm experiência de vida.".Reinserção com trabalho obrigatório?.Liliana Rainho publicou em 2008 a tese de mestrado "Homicídios em Portugal: Contributo para o estudo do crime violento". Na altura, conseguiu autorização para entrevistar dez homens condenados por homicídio voluntário - tinham idades entre os 19 e os 30 anos quando cometeram os crimes. A todos era comum o facto de pertencerem a famílias disfuncionais, com violência doméstica, pais agressores e a baixa escolaridade. Na tese de Sociologia (ISCTE), a autora refere uma situação em que o recluso lhe disse que o pai não lhe batia, mas castigava-o quando se portava mal. O "castigo" era uma espécie de tortura: o pai prendia-o a um poste de madeira com uma linha de coser e, se ela se partisse, batia-lhe. Com um cinto..Todos os reclusos com quem Liliana Rainho falou disseram que à prática do crime estavam sobre efeito de álcool ou droga. "Todos eles utilizam este fator como forma de desculpabilização do ato cometido afirmando até que 'se não tivesse bebido jamais teria coragem para cometer um crime destes!' ou "a culpa é da droga se eu não estivesse todo pedrado tinha parado de dar murros e pontapés quando vi que o gajo quase não se mexia".".Condenados a longas penas, os homicidas acabam por passar grande parte das suas vidas atrás das grades e adquirem novos hábitos e regras. "Outras vezes veem-se sujeitos a 'ter a cabeça a prémio' dentro da própria prisão, o que os faz ter uma postura mais defensiva e não ter medo de matar para se salvar", refere. Que cita um caso: "Quando ia para o banho (que era em conjunto) nunca podia tomar banho virado de frente para a parede porque tentaram matar-me inúmeras vezes. Normalmente no banho é onde acontecem os 'acidentes' nas prisões, porque está tudo nublado com o vapor e não se vê nada, qualquer um que entre ali para nos matar consegue fazê-lo sem que haja tempo para grandes reações! Eu tive de começar a ganhar cuidado e a andar protegido e já estive em situação complicadas em que a vida de alguns ficou em perigo, mas era a deles ou a minha! Tenho o corpo cheio de facadas!"."Homicídios em Portugal: Contributo para o estudo do crime violento", uma tese orientada por José Paquete de Oliveira, defende que os reclusos deveriam estar ocupados e trabalhar para se prepararem para regressar à liberdade, reduzindo o risco de incidência. "Apesar de já estar previsto no sistema atual o trabalho durante a pena, este é apenas facultativo, ou seja, se assim o entender o recluso pode recusar-se a trabalhar, passando os dias sem fazer nada, sem ter horas certas para comer, limpar a cela ou outras atividades que tenha de fazer. Ora, se estamos a falar de pessoas que nunca tiveram regras impostas e enveredaram pelo comportamento desviante, se não atuarmos nesse campo as probabilidades de isso acontecer tornam-se maiores.".A 31 de dezembro do ano passado, estavam detidos em Portugal 2413 cidadãos com idades compreendidas entre os 16 e os 29 anos, numa população prisional de 12 mil. A análise por categoria de crime torna-se mais difícil porque só há essa estatística por três faixas etárias - 16 aos 18 anos, 19 aos 20 anos e 21 e mais anos. Só há quatro condenados com menos de 20 anos a cumprir pena por homicídio.