Putin clama "sucesso" em Mariupol. "Nunca irá ser bem-sucedido", diz Biden

Líder russo regozija-se pela ocupação da estratégica cidade, mas o norte-americano garante que a Ucrânia não cairá.
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"O fim do trabalho de libertação de Mariupol é um sucesso", disse o líder russo Vladimir Putin ao ministro da Defesa Sergei Shoigu em declarações transmitidas pela televisão. O brutal cerco das tropas russas a civis e militares naquela cidade do sul, que uma vez desocupada irá permitir a criação de um corredor russo entre a Crimeia e o Donbass, foi porém visto com desconfiança pelo presidente dos Estados Unidos, ao dizer que não há provas de que Mariupol tenha caído por completo e ao lançar a advertência de que Putin irá falhar. "A nossa unidade interna com os nossos aliados e parceiros, e a nossa unidade com o povo ucraniano, está a enviar uma mensagem inequívoca a Putin: nunca conseguirá dominar e ocupar toda a Ucrânia", declarou Joe Biden.

"Considero que o ataque proposto na zona industrial não é apropriado. Ordeno o seu cancelamento", disse Putin a Shoigu. "Precisamos pensar na vida dos nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de entrar nestas catacumbas e rastejar no subsolo através das instalações industriais. Bloqueiem toda a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar", disse ainda ao falar da siderurgia Azovstal, onde cerca de 2000 militares ucranianos resistem à invasão e têm ignorado os ultimatos, apesar de lhes faltar armamento e víveres.

Segundo as autoridades ucranianas, há também cerca de mil civis no local, na maioria mulheres e crianças. O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano pediu a criação de um corredor humanitário para retirar estas pessoas que "não confiam nas tropas russas", mas na quinta-feira apenas puderam sair 79 habitantes de Mariupol. "A cidade desapareceu, está destruída", disse Sasha ao New York Times. "Apenas algumas casas não foram incendiadas ou bombardeadas", comentou ao chegar a Zaporijia.

As forças russas continuaram a fazer pequenos avanços numa série de cidades estratégicas da linha da frente no leste da Ucrânia. Segundo Ministério da Defesa britânico, esses avanços podem ser um prelúdio para movimentos maiores e que os comandantes militares russos tentem obter ganhos territoriais antes do Dia da Vitória, 9 de maio.

Ciente desse facto, o presidente norte-americano disse sobre a Rússia: "Agora estamos num período crítico em que vão preparar o terreno para a próxima fase desta guerra." Nesse sentido, Biden disse que o seu país e os aliados estão a tentar assistir a Ucrânia com "as armas de que suas forças precisam o mais rápido possível". Segundo um funcionário do Pentágono o novo pacote de armamento norte-americano, composto por obuses, drone s e munições, no valor de 800 milhões de dólares, começará a chegar ao país no domingo.

Também o governo da Alemanha, debaixo de fogo pela sua falta de iniciativa e por não responder aos pedidos específicos de Kiev para fornecer tanques e outro armamento pesado, terá por fim chegado a um acordo com outros países europeus, como a Eslovénia. Liubliana irá fornecer tanques T-72 a Kiev e em troca receberá carros de combate alemães.

Noutra frente, e prova de como a invasão russa é vista com desconforto inclusive pelos países com afinidades com Moscovo, os serviços de segurança do Quirguistão advertiram os cidadãos que podem ser processados por ostentarem a letra Z. A letra tem sido avistada nos tanques e uniformes das forças russas que invadiram a Ucrânia.

A Comissão Europeia e a Agência Internacional de Energia publicaram uma recomendação conjunta de forma a que, na sequência de decisões individuais, a UE fique menos dependente da energia russa. Se todos os cidadãos dos 27 seguissem as recomendações em casa e no local de trabalho, seriam poupados 220 milhões de barris de petróleo por ano e cerca de 17 mil milhões de metros cúbicos de gás natural - e uma média de poupança anual de mais de 450 euros por agregado familiar.

As medidas passam por trabalhar em casa três dias por semana; trocar o automóvel pelo transporte público, ou quando não for possível reduzir a velocidade, partilhar o veículo e não conduzir ao domingo; trocar o avião pelo comboio; e ajustar os níveis de aquecimento e de ar condicionado. "A eficiência energética tem o potencial de ser a iniciativa política mais importante para reduzir a nossa dependência das importações russas e responder aos atuais desafios do mercado energético", comentou Ditte Juul Jorgensen, diretora-geral da Energia da Comissão Europeia.

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