Onze anos e 1,4 mil milhões de euros depois o Paris Saint-Germain (PSG) continua sem conseguir vencer a Liga dos Campeões. A seca do clube francês, comprado em 2011 por Nasser Al-Khelaïfi, vai continuar mais um ano, depois da remontada do Real Madrid. Na quarta-feira, um hattrick do francês Benzema afastou os parisienses da liga milionária, mais uma vez nos oitavos-de-final..O fracasso do projeto europeu "é evidente" e, segundo o jornalista francês Olivier Bonamici, que trabalha em Portugal há mais de 20 anos, "vai haver consequências" a todos os níveis. "O treinador [Mauricio Pochettino] vai sair e tudo indica que será Zidane o escolhido. Sairá Leonardo [substituiu o português Antero Henrique em 2019] porque é um fracasso como diretor desportivo. Percebe-se claramente que o problema do PSG é estrutural. Uma espécie de clube que aposta em nomes e camisolas em vez de jogadores e um projeto desportivo capaz", disse ao DN o especialista em futebol francês..Pelo banco, ao longo dos anos, passaram Carlo Ancelotti, Laurent Blanc, Unai Emery, Thomas Tuchel e agora Pochettino. E no campo, Thiago Silva, Ibrahimovic, Lucas Moura, David Beckham, Neymar (o jogador mais caro da história do futebol, 222 milhões de euros) e os portugueses Gonçalo Guedes e Danilo Pereira, entre muitos outros. Só no verão passado, o clube contratou Lionel Messi, Donnarumma, Wijnaldum e Sergio Ramos a custo zero, e ainda Achraf Hakimi (66, 5 milhões de euros) e Nuno Mendes (empréstimo do Sporting, pode custar 42 milhões)..Para o jornalista, "a contratação de Messi foi um fracasso, um flop total". Porquê? "Ele foi contratado para dar outra dimensão ao clube e parece que o clube regrediu. Não é o único ou o principal culpado, mas pelo que já foi e pela expectativa esperava-se mais dele. Assim como a Juventus não precisava do Ronaldo para ser campeã em Itália, mas para vencer a Champions, também o PSG não precisava do Messi para ser campeão francês, mas para vencer a Champions, e não o conseguindo é um flop", reforçou, lembrando que "Neymar já fez grandes jogos, incluindo o que colocou o PSG na final na Champions em 2020, mas quando a equipa mais precisa ele desaparece"..E depois há "a questão" Kylian Mbappé (em final de contrato e a caminho do Real Madrid). "Se o PSG quiser renovar com ele tem de apresentar Zidane o mais depressa possível. Só ele conseguirá fazê-lo ficar. Para Mbappé é muito mau não estar nomeado para os melhores do mundo. Ele sabe que se quiser vencer a Bola de Ouro e o The Best tem de vencer a Champions e sabe que no PSG assim não o vai conseguir", defendeu o jornalista, lembrando que a saída do melhor avançado da história do clube pode revolucionar o plantel.."Mas é complicado fazer uma limpeza num balneário de milhões. Há contratos que não se podem rasgar", disse, ressalvando que os jogadores não são os principais culpados, apesar de achar que Messi e Neymar são problemas a resolver: "São génios do futebol e a partir do momento que a magia não acontece há que pensar se o melhor é esperar que voltem a brilhar ou libertá-los.".Segundo o francês, as fragilidades da equipa estão à vista de todos e não se trata de quantos milhões foram gastos. "O City também gastou uma fortuna e ainda não venceu a Liga dos Campeões, mas quando olhas para a equipa de Guardiola há um estilo de jogo, uma forma de jogar, uma filosofia, um fio condutor e sabes que vai acontecer mais cedo ou mais tarde, no PSG não. Ter dinheiro não é uma garantia. É preciso parar para pensar, mudar e pôr em andamento um projeto bem pensado", referiu..Após a derrota no Bernabéu, Neymar e Donnarumma ter-se-ão desentendido no balneário, após uma troca de acusações, mas, segundo o brasileiro, isso não aconteceu. Mas esse não foi o único incidente. Nasser Al-Khelaïfi (dono e presidente do clube) forçou a entrada na cabina do árbitro para reclamar de uma possível falta de Benzema no lance do golo do empate..O incidente foi filmado por um funcionário merengue, que terá sido foi ameaçado de morte por Al-Khelaifi. Também um delegado da UEFA reportou a fúria de Nasser Al-Khelaïfi, segundo o jornal Marca: "O presidente e o diretor técnico do PSG mostraram um comportamento agressivo e tentaram entrar no balneário dos árbitros. Quando este lhes pediu para saírem, bloquearam a porta e o presidente golpeou deliberadamente a bandeirinha de um dos assistentes, acabando por parti-la.".A UEFA abriu entretanto um processo a Nasser Al-Khelaïfi , a Leonardo e ao clube parisiense..isaura.almeida@dn.pt