Num domingo em que Rui Rio falou numa entrevista feita antes da crise de liderança estourar no PSD, o antigo presidente do partido Luís Marques Mendes e a anterior ministra das Finanças do governo de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, defenderam a importância da clarificação no partido: a atual deputada, como apoiante de Luís Montenegro, preferia a realização imediata de eleições diretas; o comentador da SIC dá uma no cravo e outra na ferradura, embora também sublinhe que é preferível clarificar as coisas em vez da paz podre..O antigo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, "fez bem" em avançar, segundo Marques Mendes, e "foi direto ao assunto" ao lançar o desafio ao presidente do partido para que este se sujeitasse a eleições diretas..Marques Mendes acrescentou que Rui Rio "também fez bem" em responder com o agendamento da votação de uma moção de confiança pelo Conselho Nacional do partido: "Podia fingir, fazer de conta, não dizer nada. Tinha os estatutos a favor dele", lembrou. "Não o faz através de diretas, faz através do Conselho Nacional, mas não deixa de ser uma clarificação.".Ainda assim, o comentador contrariou o argumento dado por Rui Rio para justificar a recusa em agendar diretas - a instabilidade que tal processo traria ao partido em ano eleitoral. "Se ganhasse essas eleições, Rui Rio sairia reforçadíssimo. Se não ganhasse, se perdesse as diretas, teríamos um novo líder, e um novo líder normalmente dá uma nova esperança", defendeu..O antigo presidente social-democrata também lançou uma farpa a Montenegro, que tinha dito que nunca faria a Rui Rio o que António Costa fez a António José Seguro, na sequência das eleições europeias de 2014. O desafio à liderança de Rio no PSD "não é igual mas é semelhante ao que aconteceu no PS em 2014", comparou Marques Mendes..Para Marques Mendes, Rio irá provavelmente passar no crivo da moção de confiança, até porque "não há memória no PSD" de uma liderança ter sido chumbada desta forma pelo Conselho Nacional. Contudo, Montenegro "também ganha" nesse cenário, porque "teve a coragem de fazer o desafio e pedir a clarificação" e assim "fica na pole position na corrida para a liderança" do partido "se as coisas correrem mal" a Rio nas legislativas de outubro..Já Maria Luís Albuquerque foi direta nas críticas à resposta do atual líder. "Tenho pena que não tenha sido possível partir de imediato para uma verdadeira clarificação perguntando aos militantes. Tenho pena que o dr. Rui Rio não tenha decidido pedir já eleições diretas para que houvesse verdadeiramente uma clarificação neste momento", lamentou-se a apoiante de Montenegro em declarações à agência Lusa.."Idealmente, a melhor forma de clarificar seria devolvendo a palavra aos militantes e quem saísse vencedor dessa disputa seria um líder reforçado, com uma dinâmica adicional para enfrentar os próximos atos eleitorais", argumentou..Com a moção de confiança, Maria Luís Albuquerque acha que o partido fica a meio caminho da "verdadeira clarificação": "É uma clarificação optando por mecanismos mais formais, mas a decisão foi essa e teremos de aguardar para ver o que é que decorre da apresentação da moção de confiança.".A antiga ministra de Passos Coelho lamentou ainda o que disse serem ataques pessoais de Rui Rio ao antigo líder parlamentar social-democrata. "Luís Montenegro fez um desafio político. Os ataques pessoais, as questões pessoais, não ajudam. A resposta deveria ser muito mais política do que pessoal porque as questões em causa são questões políticas: há um entendimento de que o que está a ser feito pela direção do PSD é prejudicial para o partido, e sendo prejudicial para o PSD é prejudicial para o país", criticou. Para deixar ainda o desejo de que o atual processo em curso no PSD permita dar ao partido "uma perspetiva mais positiva".."Que possa mobilizar quer apoiantes, quer militantes, quer simpatizantes e que possamos colocar-nos como alternativa séria à atual governação, não aos apoios que a governação tem, mas à governação propriamente dita porque nos preocupa o rumo que está esta a ser traçado para o nosso país", defendeu.