PSD compara roubo das Glock da PSP a Tancos e quer explicações
Os deputados do PSD enviaram esta terça-feira um requerimento ao presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, a pedir a presença do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, "com a máxima urgência" para que "venha a fazer um ponto de situação sobre este sensível e alarmante caso. Para a bancada social-democrata o governo "está a comportar-se" no caso de roubo das 57 pistolas Glock da sede da PSP "como se tem comportado com o caso "Tancos", encarando tanto o roubo de arsenal de guerra de um paiol como o de material de uso especifico e exclusivo da Policia dos seus próprios armazéns, com uma displicência, com uma irresponsabilidade e com uma incompetência a toda a prova".
O roubo das armas foi conhecido em final de 2017, tendo sido instaurado um inquérito criminal - cuja investigação o Ministério Público atribuiu à própria PSP - que ainda decorre. Paralelamente, sublinha o PSD no seu requerimento, foi "instaurado um inquérito interno pelo prazo de 30 dias, prorrogado por mais 15, que "visava apurar irregularidades que tenham motivado ou facilitado o desaparecimento das armas", de acordo com as declarações da ex-ministra Constança Urbano de Sousa numa audição parlamentar, a sete de março de 2017.
Na altura a ministra disse que o inquérito não estava concluído, " mas que já tinha conclusões preliminares que apontam para falhas de supervisão e controlo". "Estas declarações da Senhora Ministra já têm mais de 18 meses e até hoje nada mais se soube, porque o Governo não se dignou a prestar mais informações sobre o assunto", assinala o PSD.
Os social-democratas avisam que "o governo não pode continuar a fingir que não é nada consigo e que o decurso do tempo resolve tudo, apagando da nossa memória aquilo que a sua inabilidade e o seu desinteresse em apurar os factos acentua". Recordam que este "desaparecimento assumiu foros de uma gravidade extrema e era, como é, suscetível de pôr em causa a segurança interna e a imagem externa do nosso país", salientado a "preocupação e inquietação" sobre esta matéria expressa pelo próprio Presidente da República, através de uma publicação no site oficial de Belém.
Conforme o DN já noticiou, das 57 armas desaparecidas foram recuperadas sete delas em operações que tinham como suspeitos traficamtes de droga, em alguns dos casos com ligações a outros países, como Espanha e Marrocos, o que, para o PSD "acentua ainda mais as preocupações e as garantias de segurança que o Estado deve assegurar aos seus cidadãos".
A agravar ainda mais a falta de respostas do governo, "acabou de ser tornado público que os dois únicos visados nos processos disciplinares que foram instaurados pela PSP, tinham 9 meses antes comunicado aos seus superiores hierárquicos que o armeiro não tinha condições de segurança , por ausência de videovigilância, de controlo de entradas e saídas, da fragilidade da porta de acesso ao armazém e da existência de um chaveiro á vista de todos com uma chave dessa porta devidamente identificada e etiquetada!!! Mais que isso, esses agentes asseguraram que ainda antes dessa comunicação formal, já tinham avisado as chefias que faltavam 3 pistolas-metralhadoras Beretta, modelo 12 e calibre 9mm", nota o PSD, referindo-se a uma notícia do Expresso.
"Perante o espanto de tais declarações, o estranho silêncio do Governo quanto ao desfecho de um inquérito que tinha 45 dias para ser concluído (já lá vão mais de 540...) e a sua total inação no sentido de querer apurar responsabilidades em tempo razoável, o Grupo Parlamentar do PSD entende que se impõe requerer a presença nesta Comissão, com a máxima urgência, do atual responsável pela pasta da Administração Interna, para que venha fazer o ponto de situação sobre este sensível e alarmante caso", justificam os deputados.
Contactada a PSP para fazer um ponto de situação sobre o processo, o porta-voz oficial remete explicações para o gabinete de Eduardo Cabrita. "Atendendo à matéria e ao facto do requerimento dos deputados do PSP exigir a presença do Ministro da Administração Interna na Comissão Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o mais indicado seria dirigir o pedido ao MAI", responde o gabinete de imprensa.