Presidenciais. PS já quer resolver o assunto "quanto mais cedo melhor"

Socialistas vão formalizar ausência nas eleições presidenciais ainda antes de Marcelo anunciar se é ou não recandidato.
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"Quanto mais cedo melhor", provavelmente até meados de outubro, no dizer de dirigentes na cúpula do PS. Este é o calendário que a direção do partido se impôs a si própria para clarificar a sua posição quanto às presidenciais. Até aos tais "meados de outubro" reunir-se-á a Comissão Nacional (CN) do partido - órgão máximo entre Congressos - para discutir o assunto. E já se sabe: o PS não vai apoiar ninguém. Liberdade de voto, portanto - como foi, afinal, em 2016.

Na próxima semana, a data da reunião será oficializada. Mas o "quanto mais cedo melhor" representa, de certa forma, um recuo para o núcleo de dirigentes do PS mais próximos de António Costa. A princípio, a intenção era adiar o máximo possível a CN. Questionado sobre isso, o presidente do PS, Carlos César - que é a quem compete convocar a CN -, chegou a admitir que dezembro seria um mês possível.

O objetivo era simples: travar o mais possível o corpo dirigente do partido - ministros, deputados, autarcas - nas declarações de apoio a este ou àquele candidato. Sobretudo a Ana Gomes, a ex-eurodeputada do partido (e militante desde 2002) que já disse que será candidata - e que Costa (e César) recusam apoiar, em nome de uma coabitação tranquila para o próximo quinquénio com Marcelo Rebelo de Sousa (se este, como tudo indica, se recandidatar e vencer).

Este arrastamento da decisão correria também objetivamente a favor de Marcelo Rebelo de Sousa - uma forma do líder do partido e primeiro-ministro dar (mais) uma ajuda à recandidatura do atual Presidente (depois de Costa a ter, na prática, lançado, na famosa declaração da AutoEuropa).

A direção do PS sabe que muitos dirigentes só esperam por uma decisão oficial do partido - decisão que será não apoiar ninguém, dando liberdade de voto - para anunciarem quem apoiam. Mas sabe também que não poderá prolongar por muito mais tempo essa espera, por correr o risco de as declarações de apoio começarem mesmo a surgir, mesmo sem declaração oficial de liberdade de voto.

A deputada Isabel Moreira, por exemplo, já declarou que apoia o candidato do PCP, João Ferreira. O ministro Pedro Nuno Santos fez saber que em nenhuma circunstância votará Marcelo, podendo votar numa candidatura do PCP, do BE ou do PS, se aparecesse (e apareceu, a de Ana Gomes). O deputado Pedro Bacelar de Vasconcelos também já disse ao que vai: vota Ana Gomes. E há muito que Francisco Assis disse que o iria fazer - foi aliás ele a primeira voz do PS a sugerir, há muitos meses, a candidatura presidencial da ex-eurodeputada.

Sendo a reunião da CN marcada até meados de outubro, isso significa também que, na prática, o PS não terá de se pronunciar sobre a recandidatura de Marcelo.

E isto porque, como o próprio já fez saber, esse seu pronunciamento só será feito em novembro, depois de marcar as eleições presidenciais (provavelmente para algures na primeira quinzena de janeiro).

Ora, não sendo oficial no momento da reunião da CN que Marcelo é (ou não) recandidato, não haverá, na prática, matéria para discutir. Dito de outra forma: a antecipação do PS ao calendário já definido por Marcelo é só mais um sinal de que o PS não apoiará ninguém, apesar de o chefe do partido já ter sinalizado que vê com bons olhos a sua reeleição e de até já ter havido mesmo quem tenha declarado que o irá apoiar (Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República).

A reunião decorrerá, portanto, num quadro de candidatos presidenciais que já é o atual: Ana Gomes (PS), Marisa Matias (BE), João Ferreira (PCP) e André Ventura (Chega), candidaturas a que, provavelmente, se juntarão outras mais pequenas (Tino de Rans, por exemplo).

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