A organização ambientalista Greenpeace alertou esta quinta-feira para a pesca excessiva de tubarões no Atlântico Norte, por parte de barcos portugueses e espanhóis, considerando que tem consequências "devastadoras" para algumas espécies..O alerta partiu do diretor para os Oceanos da Greenpeace no Reino Unido, Will Mccallum, um dos ativistas que esta semana confrontaram um barco espanhol a 200 milhas do arquipélago dos Açores que estava a pescar tubarões..O protesto foi pacífico, explicou à agência de notícias espanhola Efe, precisando que apenas exibiram uma mensagem onde se lia "tubarões sob ataque", e documentaram as capturas que estavam a ser feitas. O barco, disse, devia dedicar-se à pesca sustentável do peixe-espada, mas tinha mais captura de tubarão..O caso não é uma exceção, já que, segundo uma informação divulgada esta quinta-feira pela organização ambientalista, numa recente travessia do Atlântico Norte o "Esperanza", o maior barco da Greenpeace, documentou que as capturas de tubarão quadruplicavam em peso as de peixe-espada..Os tubarões são especialmente cobiçados pelas suas barbatanas, consideradas uma iguaria em algumas culturas asiáticas..A Greenpeace estima que os barcos espanhóis e portugueses estão a capturar anualmente cerca de 25 mil tubarões anequim, nome comum das espécies 'Isurus oxyrinchus' e 'Isurus paucus'. Os tubarões anequim estão classificados na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza como em risco de extinção.."Fazem-no às claras, não é algo que escondam. A ciência é muito clara, não estamos a fazer o suficiente para proteger os tubarões. Não há limites para estes barcos quando estão no mar", disse McCallum..Num relatório recente da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ORGP-ICCAT, na sigla original) afirmava-se que mesmo que as capturas de tubarão anequim cessassem há apenas 50% de hipóteses de a população recuperar até 2040..Populações de tubarões foram reduzidas até 99% devido à atividade humana."Pode ser que tenhamos ido longe de mais", disse o responsável da Greenpeace, acrescentando que quanto ao tubarão azul ('Prionace glauca') não há dados sobre o tamanho das populações, pelo que "não faz sentido" pescar tanto de uma espécie sobre as quais não se sabe quantos exemplares existem. Os tubarões azuis estão na Lista Vermelha com o estatuto de espécie "quase ameaçada"..No relatório, a Greenpeace pede limites rígidos para a pesca de tubarões e quer um tratado global para a criação de santuários em 30% das grandes áreas oceânicas até 2030, para permitir a recuperação das espécies..Atualmente apenas 1% dos oceanos está protegido, de acordo com a Greenpeace, que afirma que algumas populações de tubarões foram reduzidas em até 99% devido à atividade humana.