Português em descoberta do telescópio ALMA
Pode dizer-se que é uma lupa, mas de proporções verdadeiramente astronómicas, porque a verdade é que se trata de uma galáxia. Foi exatamente uma "lupa galáctica" que um grupo internacional de astrofísicos, liderado pelo português Hugo Messias, da Universidade de Lisboa, usou para estudar duas outras galáxias em colisão. Com isso, e graças às observações do novo telescópio ALMA, inaugurado no ano passado no Chile, os astrónomos conseguiram a melhor imagem de sempre de uma colisão entre duas galáxias e puderam também caracterizar a "fábrica" de estrelas que ali existe.
"Comprovámos que o ALMA consegue obter informação muito boa para caracterizar um sistema deste tipo", afirmou ao DN Hugo Messias, investigador do Centro de Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CAAUL), explicando "que o telescópio consegue, através da observação da própria poeira no sistema, determinar o número de estrelas que estão ali em formação". Antes de aquele telescópio europeu entrar em operação, essas poeiras eram cortinas opacas, que impediam a visão desses objetos.
Foi no Chile, na Universidade de Concepción, numa altura em o novo telescópio ALMA já estava a ser instalado, e a iniciar a operação experimental, mais a norte, no deserto de Atacama, que Hugo Messias começou o trabalho cujos resultados são hoje publicados na revista científica Astronomy & Astrophysics.
Além de apoiar propostas para o novo telescópio, o jovem astrofísico português lançou então este projecto-piloto com o objectivo de testar, aos olhos do ALMA, estas galáxias com efeito de ampliação.
A galáxia-lente escolhida foi a H1429-0028, que tinha sido anteriormente identificada pelo telescópio espacial Herschel, e Hugo Messias lançou-se ao trabalho. A primeira imagem daquele sistema mostrada pelo ALMA revelou que a equipa estava no caminho certo. "Percebemos de imediato que o que aquela galáxia estava a ampliar poderia ser uma colisão de galáxias, mas foi preciso trabalhar mais em detalhe para chegar a esse resultado", diz o investigador português.