Portugal com 1579 mortos e 42 454 casos. Mais de 500 internados pela primeira vez desde maio
Portugal, nas últimas 24 horas, registou mais 313 novos casos de covid-19, elevando para 42 454 o número total de infetados desde o início da pandemia (um aumento de 0,74% face ao dia anterior), de acordo com os dados do boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta quarta-feira (1 de julho).
Foram reportados mais três mortos face ao dia anterior, sendo que, no total, 1579 pessoas já morreram devido à pandemia de covid-19.
A taxa de letalidade global é de 3,7% e acima dos 70 anos é de 16,3%, referiu Jamila Madeira, Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, durante a conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal.
Há 503 pessoas internadas (mais 12 do que na véspera), das quais 79 (mais seis) estão em unidades de cuidados intensivos. A última vez que se verificou mais de 500 doentes hospitalizados ocorreu a 30 de maio. Na altura, 514 pessoas estavam internadas.
Há a registar ainda 27 798 casos de pessoas que recuperaram da doença (mais 293 em comparação com terça-feira).
Dos 313 novos casos reportados, 218 dizem respeito a residentes em Lisboa e Vale do Tejo. Quer isto dizer que 69,7% dos novos casos de infeção pelo novo coronavírus estão localizados nesta região, que continua a ser a que regista um maior aumento do número de casos. Totaliza agora 19 383 infetados.
O aumento de três mortos reportado no boletim da DGS não tem em conta a sexta vítima mortal em Reguengos de Monsaraz, uma vez que o óbito ocorreu esta manhã. Trata-se de uma funcionária do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS). Tinha 40 anos.
Assim, dos quatro óbitos, dois foram registados em Lisboa e Vale do Tejo, que totaliza 475 mortes, um na região Norte (819) e um no Alentejo, que soma 8 vítimas mortais.
As três novas vítimas mortais devido à covid-19, registadas no boletim de hoje, tinham mais de 80 anos (um homem e duas mulheres).
Na conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que os surtos nos lares estão a ser monitorizados e que as situações "estão controladas".
A Diretora Geral da Saúde apresentou o último balanço por regiões ao nível das vítimas mortais nos lares de idosos: 293 óbitos na região norte, 143 na região centro, 147 na região Lisboa e Vale do Tejo, o Alentejo tem 6 (falta ainda aqui o óbito registado já depois da meia noite em Reguengos de Monsaraz), e 5 no Algarve.
"Há surtos que estão ativos, alguns em Lisboa, um no Alentejo, menos no norte", confirma Graça Freitas. Quanto aos valores acumulados: "Há surtos que felizmente estão encerrados. É esse trabalho que estamos a fazer para não dar o acumulado de surtos - aqueles que acabaram, acabaram. Noutras situações há surtos completamente novos e noutras ainda há surtos que tendo acontecido numa primeira vaga de doentes, depois na investigação epidemiológica encontra-se uma segunda vaga".
Além dos novos 218 casos registados em Lisboa e Vale do Tejo, o Norte contabiliza mais 64 infetados num total de 17 585, o Centro tem mais 11 casos (4121), na região do Alentejo verifica-se mais 7 infetados (491) e o Algarve tem mais 11 casos (632).
Há 1450 pessoas a aguardar o resultado dos testes (menos 4 do que na terça-feira) e 31 389 em vigilância pelas autoridades de saúde, menos 25 do que no boletim anterior.
O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 37% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (21%), segundo o boletim da DGS.
Na distribuição dos casos por concelhos, Lisboa é o que regista o maior número de infetados, com 3.544 (mais 42 do que na terça-feira), seguido por Sintra, com 2.704 (mais 36).
No terceiro lugar dos concelhos com mais infetados encontra-se Loures, com um total de 1856 (mais 29), seguindo-se a Amadora, com 1.718 (mais 21 infetados do que na terça-feira), e Vila Nova de Gaia, com 1.661 (mais 11).
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, destaca-se ainda Odivelas que subiu para 1.125 infetados, ou seja mais 24 casos do que na terça-feira.
Numa análise de todo o país, surgem outros quatro concelhos com mais de mil casos, mas sem qualquer alteração em relação a terça-feira: Porto manteve os 1.414 casos de infeção, Matosinhos continua com 1.292, Braga soma 1.256 doentes, e Gondomar com 1.093 casos.
A situação epidemiológica na Grande Lisboa foi um dos temas abordados na comissão parlamentar, onde a ministra da Saúde foi ouvida esta quarta-feira.
"Os transportes públicos não estão associados a nenhum dos novos casos de infeção" na Grande Lisboa afirmou Marta Temido, perante dos deputados.
A ministra admitiu que "LVT tem uma situação difícil" e considerou que a atual situação na região "poderá ser uma fase difícil da evolução epidemiológica, efeito de condições de vida distintas".
"Todos os países mostram dificuldade em controlar a epidemia em zonas de alta densidade populacional e alto nível de contactos", disse, salientando que as razões podem estar na "forma como as pessoas se movem ou pode ser a aleatoriedade".
"Não há uma resposta definitiva", acrescentou.
A questão dos transportes públicos foi levantada pelos partidos da oposição, nomeadamente pelo PSD, que sugeriu que se retirem impostos sobre os táxis e que a empresa municipal EMEL deixe de cobrar estacionamento para facilitar a mobilidade dos cidadãos na área de Lisboa, a mais afetada por novos casos de covid-19..
A ministra da Saúde afirmou que foi assinado um despacho conjunto para exigir um teste negativo às pessoas que entrem em Portugal provenientes de "determinadas origens".
Marta Temido destacou a entrada de mais 30 médicos de saúde pública a tempo completo para reforçar as equipas que estão a assegurar os inquéritos epidemiológicos na área de saúde de Lisboa e Vale do Tejo (LVT).
Assegurou ainda que até terça-feira à noite não havia testes epidemiológicos em atraso em Lisboa.
Marta Temido reconheceu que há "uma assimetria para corrigir nos próximos concursos" relativamente aos médicos de saúde pública, que em LVT representam apenas 28% do todo nacional".
Já o pneumologista Filipe Froes considerou que o país teve uma estratégia no confinamento devido à pandemia de covid-19, mas faltou "uma estratégia clara" no desconfinamento.
"Falhámos, desconfinámos com novos casos a rondar os 200 e não valorizamos os assintomáticos", disse numa cerimónia em Lisboa para apresentação de um manifesto com o tema "Salvar o SNS -- estamos do lado da solução", que foi assinado por duas dezenas de personalidades e que apresenta propostas para "salvar" o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O clínico acrescentou: "Ao contrário da mitigação, no desconfinamento não houve uma estratégia clara. Não tivemos a capacidade de transformar dados epidemiológicos em conhecimento de saúde pública. Temos de mudar, ir à procura do vírus e não do doente".
O documento foi lançado por um grupo de cidadãos, a maioria profissionais de saúde, e propõe medidas como o reforço do investimento em profissionais e equipamentos, com prioridade para as regiões de maior carência.
De referir que Portugal continental entrou esta quarta-feira às 00:00 em situação de alerta devido à pandemia, com exceção da Área Metropolitana de Lisboa, onde 19 freguesias continuam em situação de calamidade e as restantes passam a contingência.
Portugal continental ficou dividido em três níveis de alerta para fazer face à pandemia de covid-19, passando a maior parte do país para situação de alerta, enquanto a Área Metropolitana de Lisboa (AML) para situação de contingência (nível intermédio) e 19 freguesias de cinco municípios da AML mantêm o estado de calamidade.
O primeiro-ministro, António Costa, já avisou que o país vai manter-se em situação de alerta até que a pandemia de covid-19 esteja ultrapassada.
Esta quarta-feira fica também marcada pela reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha, encerrada há três meses e meio, assinalada por cerimónias em Elvas e Badajoz, com os chefes de Estado e de Governo dos dois países.
Devido à pandemia de covid-19, por decisão conjunta, a fronteira entre Portugal e Espanha foi encerrada às 23:00 de 16 de março (00:00 de dia 17 em Espanha), com pontos de passagem exclusivamente destinados ao transporte de mercadorias e a trabalhadores transfronteiriços, e reabriu esta quarta-feira.
Antes da cerimónia, António Costa saudou no Twitter um reencontro de "irmãos e amigos".
"É um reencontro entre vizinhos, que são irmãos e amigos. Desta fronteira aberta depende a nossa prosperidade partilhada e um destino comum no projeto europeu", considerou o primeiro-ministro.
Pedro Sánchez assumiu a sua "felicidade" em estar com o "amigo António Costa". "O governo português sempre apoiou Espanha nas horas mais difíceis. A mensagem agora é de sossego, tranquilidade, não baixar a guarda, manter as máscaras, o distanciamento social e aprender a conviver com o vírus", afirmou o primeiro-ministro espanhol.
Já António Costa descreveu este como "um momento muito especial, muito importante". "Portugal e Espanha voltaram a ser vizinhos muito próximos. A Europa hoje precisa de mensagens positivas e a abertura das fronteiras é uma. Cerimónias em fortalezas foram momentos simbólicos, porque as fortalezas foram construídas quando os países estavam de costas voltadas. Portugueses e espanhóis vão ter de conviver juntos com o covid-19. Se todos cumprirmos, a fronteira vai manter-se sempre aberta. A abertura da fronteira é uma oportunidade de desenvolvimento para os dois países, para a Península Ibérica e para a União Europeia", frisou o primeiro-ministro português.
A pandemia de covid-19 já matou 511.312 pessoas e infetou mais de 10,5 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 11:00 TMG desta quarta-feira, baseado em dados oficiais dos países.
De acordo com os dados recolhidos pela agência noticiosa francesa, 10.509.550 casos de infeção foram oficialmente diagnosticados em 196 países e territórios desde o início da epidemia, em finais de dezembro passado, na cidade chinesa de Wuhan, dos quais pelo menos 5.302.100 são agora considerados curados.