Portugal precisa de mais 70 mil casas para responder à procura
"Estamos num ciclo vicioso. Há pouca oferta e muita procura, que faz com que o valor das casas suba e deixe de estar ao alcance das famílias. Para atenuar os problemas habitacionais, seria necessário introduzir no mercado cerca de 70 mil casas novas. Destas, mais de metade deveriam aparecer em Lisboa e Porto, onde se concentra mais de 50% da procura", defende Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais de Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
A associação realizou um estudo com dados do Instituto Nacional de Estatística sobre as novas construções, concluindo que "o número fica muito aquém das necessidades habitacionais" e a tipologia "não é dirigida ao perfil médio dos portugueses". Sublinham que a dificuldade de habitação para os jovens e famílias não se aprende apenas com o seu custo, continuamente a aumentar tanto no mercado de compra e venda como no de arrendamento, e que essa situação se deve também à escassez de casas.
No primeiro semestre de 2018 foram licenciados 7 510 edifícios (mais 14% do que em relação ao período homólogo de 2017) para construção nova em Portugal, dos quais 5 591 serão para habitação familiar (74 %), o que corresponde a 9 836 fogos. Foram emitidas em média 973 licenças em média por mês.
"Nota-se que começa a haver dinâmica no mercado de construção, que nos poderá induzir em erro e dar a falsa sensação de que o mercado está a colmatar a necessidade de renovação de stock. No entanto, há que ter em atenção dois pontos importantes: um, o tempo que demora até estes ativos entrarem no mercado, tempo que os jovens e famílias não podem esperar para poderem ter uma casa, e outro, que é o facto de muita desta construção estar a ser dirigida para o mercado médio-alto e alto, não dando resposta às necessidades da classe média e média baixa, que é quem mais sofre com a ausência de casas" disse o Presidente da APEMIP.
Esta quinta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa vai discutir "Estratégias Locais de Habitação no quadro da Nova Geração de Políticas de Habitação", uma sessão pública que decorre nos Paços do Concelho, às 09:30, presidida pela secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho.