Portas abertas no parque da música. Começa o Rock in Rio
Gente a correr em direção ao palco no momento em que as portas se abrem. A imagem repete-se desde 2004, o primeiro de todos os Rock in Rio que se realizaram em Portugal, no Parque da Belavista. Este ano com uma notória diferença. Em vez das habituais 15.00, abriram às 12.00, com o habitual hino do festival. "Que a gente não parasse mais de se amar, de se dar, de viver... uou uou uou uou uou..."
Do outro lado do portão azul, eram também muitos os que esperavam. Organização e parceiros, bailarinos, e, este ano, um grupo de cosplayers, que trouxe personagens do universo manga (e não só) para o parque da Belavista.
E enquanto as objetivas se focavam nos primeiros a passar a segurança, na segunda linha, membros do staff, abraçavam-se e abraçavam Roberta Medina, a presidente do Rock in Rio. Começou. "Só começou", diz a diretora do Rock in Rio, Roberta Medina, ao DN. "A maior responsabilidade é agora. Agora é a hora de entregar o sonho às pessoas que temos aqui."
"Decidimos começar mais cedo para as pessoas poderem aproveitar mais, mas também para terminar mais cedo", explica a diretora do Rock in Rio. "Nas duas últimas edições, o metro não fez horário prolongado por causa dos sindicatos, então o que estava a acontecer é que os shows do palco mundo estavam a terminar às 02.00 e o metro fechava à 01.00 e muita gente assistia ao início do concerto e ia embora. Queríamos resolver esta situação das pessoas não poderem aproveitar o evento todo principalmente, o último concerto, que tem uma expectativa enorme. Então, para terminar mais cedo tem de começar mais cedo e a nossa proposta não é show, então abrir às 04.00 e ter concerto às 06.00 não fazia o menor sentido. Para aproveitar tinha de começar mais cedo", defende. Todos os palcos começam às 12.30, exceto o principal. E termina: "Como é quando a gente vai à Disney? Vai cedo. É a mesma lógica".
A conversa é interrompida por uma pessoa que quer saber se estamos na fila, deixando Roberta Medina alerta. "Que fila é esta?", questiona-se a diretora. Trata-se da cabine onde se trocam bilhetes para o fim de semana por pulseiras. É o momento em que a diretora do evento franze o sobrolho. "Já ficou preocupada?". "Pois, claro", responde, interrompendo a conversa para pedir a outra pessoa da organização para resolver o assunto. "Não vai durar muito não", promete, retomando as suas ideias, e explicando o que está por trás de outra estreia desta edição: o Digital Stage, que recebe uma programação que nasce (quase toda) no YouTube.
Uma zona pop, onde os Youtubers são estrelas
Youtubers de um lado, videojogos no lado oposto são as âncoras da pop disctrict. "O que estas experiências trazem é a possibilidade de você interagir", diz Roberta Medina. Os mestres de cerimónia do Digital Stage aqueciam os motores para a primeira sessão, com Marta Bateira, alias Beatriz Gosta, a saltar do palco para falar com a plateia, ainda tímida, sobre o cartaz - Wuant é o mais esperado este sábado. Enquanto isso, uma sósia de Marilyn Monroe e outro de Freddie Mercury iam posando para as câmaras de telefone.
Os britânicos Muse são os cabeças de cartaz deste sábado, dia 23, mas pelo palco mundo passam ainda Bastille, Haim e Diogo Piçarra. O cantor português fez o seu teste de som pouco antes da abertura oficial, mas já com muita gente no recinto. Cerca de 8 mil pessoas trabalham por estes dias no Parque da Belavista.
Esta é a edição 19ª na história do festival bienal criado por Roberto Medina no Rio de Janeiro, em 1985, a 8.ª em Lisboa. O que mudou? "Uma criança de 15 anos em Portugal não sabe o que é Portugal sem o Rock in Rio", diz Roberta Medina.
Mantém-se o propósito. "Juntar pessoas de várias gerações, nunca foi um evento só para jovens. Objetivo é juntar pessoas, pôr as pessoas a conviver. Mantém-se o line up de qualidade, a estrutura vai ficando mais sofisticada, a tecnologia também vem melhorando a experiência do consumidor. O que mudo é que está sempre se atualizando."
O alinhamento deste domingo, dia 24, com o norte-americano Bruno Mars como cabeça de cartaz foi o que gerou mais interesse. As entradas esgotaram há muito e o parque deve chegar às 100 mil pessoas. No próximo fim de semana, The Killers, a 29, e Katy Perry, a 30, são os nomes mais fortes. No sábado está prevista uma homenagem a Zé Pedro dos Xutos & Pontapés, em que estarão presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente de Assembleia da República, Ferro Rodrigues.