Polémica e um boneco negro "anti-stress" no ISCTE

Os alunos de marketing do ISCTE organizaram um evento no qual criaram uma área de "descompressão de stress": um boneco com a frase "bate-me". O boneco causou polémica. Reitoria interveio e foi retirado.
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Um boneco escurecido a que se podia dar pauladas esteve no centro de uma polémica no ISCTE. O boneco foi colocado num dos átrios por causa de um evento organizado pelos alunos de Marketing do ISCTE, a 8ª edição de Marketing Journeys. Tinha a frase em inglês "Hit me", em português "bate-me", e um bastão ao lado. E ali ficou, a receber pauladas, até que o professor Miguel Vale de Almeida chamou a atenção para ele no facebook e num email enviado à reitoria. Considerou a situação "pura e simplesmente inaceitável" e fez seguir uma "denúncia para as autoridades universitárias."

A reitoria, depois de avisada, mandou "apurar o que se passara", porque não sabia de nada naquela altura. Segundo a reitora, Maria de Lurdes Rodrigues, foi pedido aos "docentes que fizessem o seu papel de docentes e enquadrassem os alunos", falando com eles.

O boneco foi retirado por representar algo com que uma universidade não se pode identificar - seja a violência física seja por ter qualquer relação com o racismo. O professor Miguel Vale de Almeida escreveu no Facebook que "tanto os organizadores do evento, quanto a empresa ("Smash It Room") que lhes forneceu objetos para alívio do stress (ou lá o que é) demonstram uma escolha ou ignorância inadmissíveis".

A organização do evento, por seu lado, explicou que "nada foi feito com maldade". O evento, a cargo do NAMI - Núcleo de Alunos de Marketing do ISCTE, está a decorrer até esta terça-feira sob o lema Marketing emocional. Marta Inácio, project manager da edição deste ano, diz mesmo não compreender a polémica. Recusa qualquer ideia de racismo, e explica que é uma instalação da empresa Smash it Room, especialista em "espaços de descompressão de stress, que promovem team building", ações para pessoas que "têm stress acumulado para irem lá a esses espaços partir coisas". Este boneco é até de treino, usado, por exemplp, no kickboxing. E refere, aliás, que "o boneco nem é negro" originalmente. Ficou mais escuro "devido aos murros, ao desgaste".

"Estar a acusar-nos, ao próprio ISCTE, ou quem quer que seja de racismo ou de violência por causa de um boneco de treino seria o mesmo que acusar alguém que pratica kickboxing e que tenha um boneco em casa de promover o racismo e a violência", defende Marta Inácio. Não é de todo o caso, diz, referindo a "denúncia sem fundamento e sem constatação de verdade, um grande mal-entendido".

A polémica terminou com um discurso no final do evento em que o professor lançou a questão e desdramatizou-a.

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