PM tunisino acusa salafistas de terrorismo

O movimento salafista tunisino Ansar Ashariaa, que hoje protagonizou confrontos com a polícia em Tunes, "está envolvido no terrorismo", declarou o primeiro-ministro Ali Larayedh.
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"O Ansar Ashariaa é uma organização ilegal (...) que está relacionada e envolvida no terrorismo", disse em declarações à televisão estatal, à margem de uma deslocação ao Qatar.

Os salafistas pretendiam realizar hoje, em Kairouan, centro da Tunísia, o seu congresso anual, e desafiaram a proibição decidida pelo Governo tunisino, dirigido pelo partido islamita Ennahda, mantendo o encontro.

Optaram, no entanto, por concentrar os seus militantes num bairro de Tunes, acabando por se envolver em confrontos com a polícia que provocaram um morto entre os manifestantes e pelo menos 30 feridos, incluindo 15 agentes.

A reunião anual dos salafistas foi proibida na sexta-feira, pelo Ministério do Interior.

"Decidimos proibir esta reunião devido a uma violação da lei e à ameaça que representa para a segurança e a ordem pública", indicou o ministério em comunicado.

O ministro tunisimo do Interior, Lotfi Ben Jeddu, indicou que não foi apresentado qualquer pedido de autorização pelo Ansar Asshariaa, o principal grupo salafista jihadista do país, e que não reconhece a autoridade do Estado.

"Todos os que desafiarem a autoridade do Estado e das suas instituições, todos os que tentarem semear o caos, todos os que incitarem à violência, serão responsabilizados", advertiu o ministério.

Rached Ghannuchi, chefe do partido islamita Ennahda (no poder), tinha já afirmado esta semana que o Governo se preparava para proibir o congresso anual dos salafistas que, por sua vez, admitiram concentrar "40 mil apoiantes" na cidade histórica do islão.

Registado em abril de 2011 como uma associação não-governamental, o Ansar Ashariaa é o movimento mais radical da corrente salafista tunisina, proveniente do islão sunita, e que emergiu na sequência da revolução de janeiro de 2011.

Veterano da guerra do Afeganistão, onde combateu com a Al-Qaida, o líder do movimento, Abu Iyadh, ameaçou no domingo declarar guerra ao Governo dirigido pelos islamitas moderados do Ennahda, que acusa de promover uma política contrária ao islão.

As autoridades de Tunes endureceram recentemente o discurso face aos salafistas, em particular os jihadistas com ligações à Al-Qaida, que estão a ser perseguidos no oeste do país.

Pelo menos 16 polícias e militares ficaram feridos nos últimos dias, vítimas de minas artesanais colocadas pelo grupo armado no monte Chaambi, onde, desde abril, decorre uma operação militar.

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