Foi o mês de todos os medos para os investidores. E isso resultou em quedas acentuadas nas bolsas mundiais. As ações portuguesas não escaparam. O PSI 20 caiu mais de 6% em outubro. No total, as 18 empresas que fazem parte do índice de referência da bolsa nacional perderam mais de 4,2 mil milhões de euros de valor de mercado. Só a Jerónimo Martins e a Galp cederam, cada uma, mais de mil milhões de capitalização bolsista..A bolsa portuguesa viveu o pior mês desde junho de 2016, altura em que o "sim" no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia trocou as voltas aos mercados. Mais de dois anos depois, o processo do brexit ainda está por resolver. E parecem existir cada vez mais riscos. "Há preocupações em muitas frentes, incluindo as perspetivas de resultados mais fracos das empresas, o abrandamento do crescimento nos EUA e na China e potenciais dores de cabeça em Itália", dizem os analistas da CreditSights numa nota a investidores a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso..Os especialistas da Allianz Global Investors destacam também essas incertezas. Realçam que a Reserva Federal dos EUA está a tomar medidas cada vez mais restritivas, o que diminui a liquidez no mercado. Observam ainda que a guerra comercial entre Donald Trump e Pequim também está a causar estragos nas bolsas..O resultado de todos estes medos foi uma descida de 5,63% do Stoxx Europe 600, o índice que mede o batimento cardíaco das bolsas do Velho Continente. Foi o pior mês desde janeiro de 2016, altura em que as dúvidas sobre o estado de saúde da economia chinesa provocaram situações de quase pânico nos mercados. Já as bolsas dos EUA, que nos últimos anos têm batido a concorrência em termos de retorno, perdem mais de 6% em outubro. Foi o pior mês em mais de três anos..Galp e JM desvalorizam mais de mil milhões.A bolsa portuguesa não teve grandes argumentos para contrariar os receios que se instalaram nos mercados globais. Apenas três das 18 cotadas do PSI 20 escaparam às quedas (Navigator, Sonae Capital e CTT). Entre as empresas de maior dimensão, a Galp e a Jerónimo Martins foram as mais castigadas..A petrolífera desvalorizou quase 10%. Perdeu mais de 1,3 mil milhões de euros de valor de mercado. A Galp até aumentou o lucro ajustado em 54% para 598 milhões nos primeiros nove meses do ano. Mas as ações não resistiram ao impacto das quedas dos preços do petróleo. O barril de Brent perdeu mais de 9% em outubro, para menos de 75 dólares..Já a dona do Pingo Doce cedeu mais de 1,1 mil milhões de euros de capitalização bolsista. As ações perderam mais de 14%. As quedas intensificaram-se na sessão desta quarta-feira, após a Jerónimo Martins ter mostrado resultados que desiludiram os investidores. O lucro até setembro até subiu 2,4% para 292 milhões. Mas, apesar do aumento das vendas em mercados como o polaco, os investidores esperavam crescimentos mais fortes..Ainda do lado das descidas, a EDP Renováveis cede quase 700 milhões de euros de valor de mercado (uma descida de mais de 9%). EDP, BCP e Corticeira Amorim viram a capitalização bolsista encolher mais de 200 milhões de euros. As ações da elétrica desvalorizaram mais de 2%, as do banco caíram mais de 6,5% e a corticeira cedeu mais de 15%..Em termos percentuais, a maior desvalorização do mês pertenceu à Mota-Engil, que viu as ações cair mais de 16%, cedendo 81 milhões de euros de valor de mercado..Por entre tantos riscos, a bolsa deverá acompanhar a tendência das pares europeias. E a Allianz Global Investors avisou que, dadas as incertezas políticas e a fase mais madura do ciclo económico, os mercados globais deverão continuar instáveis nos próximos tempos.