"Pela dimensão, pela demora, pela natureza dos crimes, pelas ramificações no mundo da política e dos negócios, pela importância das pessoas envolvidas e pelo impacto social, é inteiramente legítimo e saudável para o sistema de justiça que a decisão do tribunal no processo conhecido por Operação Marquês seja sujeita ao escrutínio e crítica pública", refere a associação num comunicado enviado à agência Lusa..Contudo, alerta a associação, é preciso distinguir o escrutínio "sério e genuíno" daquele que "obedece a outros interesses e apenas procura pretextos para passar mensagens destrutivas desligadas do interesse público"..A critica sobre a decisão do tribunal é "legítima e razoável", ao contrário do ataque pessoal ao juiz Ivo Rosa que é "irracional e inaceitável".."Esta foi a primeira vez que um tribunal independente e imparcial se pronunciou, de forma global, sobre os indícios recolhidos no inquérito e sobre a sua viabilidade para suportar uma condenação em julgamento. A decisão de primeira instância não é definitiva e pode, ou não, vir a ser, total ou parcialmente, confirmada em recurso", salienta o comunicado..A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) sublinha que a fase de instrução tem como objetivo a comprovação judicial da decisão de deduzir acusação do Ministério Público e depende da existência de indícios suficientes que assegurem a probabilidade de condenação, "não bastando, para fundamentar uma decisão de pronúncia, que os indícios recolhidos no inquérito forneçam uma possibilidade ténue de condenação".."Durante anos foram sendo conhecidas informações parcelares sobre o processo, muitas vezes em violação da lei, provavelmente divulgadas por pessoas interessadas em criar perceções públicas favoráveis ou desfavoráveis a determinado desfecho", critica a estrutura sindical..A nota conclui que os casos judiciais não são 'guerras' entre sujeitos processuais, sendo agora necessário aguardar por uma decisão definitiva, que dirá quem vai a julgamento e por que crimes..Na sexta-feira passada o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu que o ex-primeiro-ministro José Sócrates, acusado de 31 ilícitos, vai a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos, os mesmos pelos quais o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva está pronunciado..Dos 28 arguidos do processo, foram pronunciados apenas cinco, tendo sido ilibados, entre outros, os ex-líderes da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca..Dos 189 crimes constantes na acusação, só 17 vão a julgamento, mas o Ministério Público vai apresentar recurso da decisão do juiz para o Tribunal da Relação de Lisboa.