Oito migrantes marroquinos desembarcam na Praia de Monte Gordo
Oito migrantes - com idades entre os 16 e os 20 anos - desembarcaram ilegalmente na praia de Monte Gordo, no Algarve. "Estavam escondidos nas dunas e foram populares que nos alertaram para a sua presença", disse ao DN Rui Vasconcelos de Andrade, comandante local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António. "Tinham a roupa no corpo e só se queixaram de fome. Disseram que eram de Marrocos", confirmou o capitão-de-fragata, que descreveu a situação como "inédita". Tinham como destino a costa sul de Espanha.
Os oito jovens deram à costa numa embarcação de pesca de "boca aberta" (sem convés estanque de proa à popa) e após terem sido detetados pela Polícia Marítima, foram detidos.
Entretanto, os oito jovens já deixaram as instalações da capitania do porto de Vila Real de Santo António à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Cerca das 15:00, a Polícia Marítima colocou uma carrinha de transporte de passageiros junto à porta da garagem da capitania do porto algarvio e, poucos minutos depois, os alegados migrantes, todos do sexo masculino e com idades entre os 16 e os 20 anos, entraram um a um no veículo, algemados com bridas de plástico, antes de seguirem sob escolta policial para destino não revelado pelas autoridades, constatou a agência Lusa no local.
A carrinha saiu escoltada por mais dois veículos, um na parte traseira, da Polícia Marítima, e outro na dianteira, pertencente ao SEF, que não esclareceu os jornalistas presentes no local sobre o destino dos oito migrantes.
Tinham viajado num barco de madeira, de sete metros, muito frágil, e onde traziam apenas algumas maçãs e sete bidões de combustível. Os pescadores que os encontraram disseram que a bordo da embarcação vinha ainda uma camisola da seleção de futebol de Marrocos.
De acordo com os populares, o grupo estava com fome, mas também com muito frio. A SIC Notícias avança que já apresentavam sinais de hipotermia. Chegada a Polícia Marítima, não fugiram e não mostraram resistência.
"Não têm qualquer documento de identificação", confirma o comandante local da Polícia Marítima, acrescentando que nenhum dos migrantes apresenta ferimentos.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o Ministério Público de Vila Real de Santo António já foram contactados e estão encarregues do caso. Os oito migrantes serão presentes a um juiz ainda durante esta quarta-feira.
"Aparentavam estar em estado normal, tranquilo, e sem necessitar de grandes cuidados, e foram transportados para o Comando local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António para identificação", afirmou Rui Vasconcelos de Andrade, à Lusa, na manhã desta quarta-feira, sublinhando que foi "providenciada alimentação e vestuário, com apoio da Câmara" da cidade algarvia.
A mesma fonte disse ainda que, pelo que foi possível perceber, os jovens "alegadamente não se queriam dirigir a Portugal e queriam deslocar-se para a costa sul de Espanha", podendo ter a embarcação sido desviada para oeste.
A mesma fonte remeteu mais explicações para o SEF, que está a tentar confirmar a nacionalidade dos jovens e que já terá contactado familiares e recebido cópias de algumas identificações, que apontavam ser provenientes de Marrocos.
A situação processual dos jovens é de que estão "retidos para identificação" e vão ficar à guarda do SEF até este processo estar concluído.
As instalações do SEF mais próximas de Vila Real de Santo António estão no posto de fronteira entre Portugal e Espanha, de Castro Marim, junto à ponte internacional do Guadiana, e em Faro.
Esta não é a primeira vez que um grupo de migrantes ilegais desembarcam numa praia do Algarve. Aconteceu também em dezembro, mas de 2007, quando um grupo de 23 africanos falharam o desembarque em Cádis e acabou a fazê-lo na ilha da Culatra, em Olhão.
Na altura, foram transferidos das lanchas da Polícia Marítima que os resgataram da ilha para as ambulâncias do INEM e dos Bombeiros estacionadas no Cais de Olhão. O objetivo era chegar a Espanha e encontrar trabalho.
(Notícia atualizada às 16:15).