Marcelo e as mulheres: "Precisamos urgentemente de corrigir desequilíbrios"
"A promoção de uma cultura de partilha e a conciliação entre trabalho, vida pessoal e familiar, continua a ser, juntamente com a chocante diferença salarial, uma preocupação que não podemos ignorar ou esquecer", disse estar terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa na apresentação do estudo A Mulher em Portugal: quem são, o que pensam e o que sentem?.
"Hoje as mulheres estão em maioria na sociedade portuguesa. Estão em maioria na escolaridade obrigatória, estão em maioria no ensino superior e estão em maioria no trabalho. No entanto, a promoção de uma cultura de partilha e a conciliação entre trabalho e vida pessoal e familiar, continua a ser juntamente com a chocante diferença salarial preocupação que não podemos ignorar ou esquecer. Precisamos urgentemente de corrigir estes desequilíbrios", disse o Presidente da República, estabelecendo uma relação direta entre estas diferenças e o "envelhecimento e as condições de desenvolvimento sustentável e o valor supremo do nosso ordenamento constitucional: a dignidade da pessoa humana".
Marcelo Rebelo de Sousa trouxe à colação o encontro da última sexta-feira, dia 8, com representantes da sociedade civil em que um tema sobressaiu: violência doméstica, "centro de um problema de direitos humanos". "Um problema em que importa arrepiar caminho, antes mesmo da atuação institucional. Um combate sem preconceitos nem estereótipos redutores", referiu Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando os casos em que a mulher é discriminada por ser mulher, ignorando o seu papel na construção da paz, das comunidades e do mundo. Citou o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres: "Sobre esse papel crucial, investir nas mulheres é a forma mais eficaz de dinamizar países e empresas".
Se o Presidente da República subscreve a frase, acrescentou: "Penso que a mudança cívica deve vir antes", disse, falando sobre violência doméstica.
Dez minutos antes da hora marcada para a apresentação, 15:00, Marcelo Rebelo de Sousa já estava sentado nas primeiras filas da Aula Magna da Universidade de Lisboa. Conversou com Jaime Gama, antigo presidente da Assembleia da República.
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o papel da Fundação Francisco Manuel dos Santos e a "coerência" da FFMS através dos ensaios, retratos e estudos, debates que patrocina. "Indo mais longe na luta contra a fome, a exclusão e Portugais tantas vezes esquecidos, "retribuindo à sociedade portuguesa o muito que esta também lhe deu".
"Em dez anos, muito mudou na nossa sociedade. Basta passar os olhos pelo Pordata", disse Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se ao portal da FFMS que compila informação sobre Portugal. "A Fundação Francisco Manuel dos Santos é nesse sentido um repositório de conhecimento sobre a mudança".
A Mulher Portuguesa Hoje é o 52.º estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e foi apresentando na Aula Magna da Universidade de Lisboa. Coordenado pela ecnonomista Laura Sagnier conclui que a maioria está cansada, infeliz e é mais mal-paga do que o companheiro. Em casa, realizam mais de metade das tarefas. Nas questões relacionadas com a vida pessoal, mostraram preferir mais orgasmos a mais sexo.
É o primeiro de cinco encontros da Fundação Francisco Manuel dos Santos que assim arranca as celebrações do seu 10.º aniversário.