Para a maioria das mulheres portuguesas, é mais importante a frequência com que atinge o orgasmo do que aquela com que tem relações sexuais, mostra o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, "As mulheres em Portugal, hoje", divulgado nesta terça-feira. A investigação traça um retrato atual do sexo feminino no país, "o que são, o que pensam e como se sentem"..O estudo envolveu uma amostra de 2428 mulheres, entre os 18 e os 64 anos, residentes em Portugal e que utilizam a internet de forma regular. E a maioria delas consideram que o companheiro com quem vivem ou convivem é a dimensão da sua vida que mais determina a sua felicidade. Dizem mesmo sentir-se mais felizes com o parceiro se mantiverem relações sexuais duas ou mais vezes vezes por semana - 30% têm mais de duas vezes e 20% não passam das duas vezes por semana..Mas, de acordo com o estudo, há aspetos que o sexo feminino em Portugal considera serem mais relevantes para o seu bem-estar, como o facto de o companheiro "participar de forma ativa nas tarefas domésticas", de "a ouvir", de "lhe dedicar o máximo de tempo possível" e de ser "carinhoso e atencioso". Por outro lado, os três aspetos que mais geram infelicidade nas mulheres são a "infidelidade", a "falta de generosidade" e as "relações sexuais pouco satisfatórias"..No entanto, elas consideram que grande parte destes parâmetros pioram com o passar do tempo de relação - ainda que a maioria se diga "feliz" ou "muito feliz" com a mesma. Apenas a "capacidade para controlar vícios" é apontado como um fator que melhora com o tempo. Na verdade, as mulheres dizem que, quanto mais longa a relação, menos sinceros, generosos, fiéis, bons ouvintes, carinhosos e dedicados se tornam. Também contribuem menos para o orçamento familiar, partilham menos o cuidado e a educação dos filhos, bem como as tarefas domésticas, perdem a capacidade para as fazer rir e até as relações sexuais entre eles pioram..Mas há um aspeto da sua vida que as mulheres consideram que não é afetado com o passar dos anos: a "liberdade" e a independência para tratar dos seus próprios assuntos..Em Portugal, 73% das mulheres têm companheiro ou companheira - 96% são heterossexuais e apenas 3% são homossexuais e 1% bissexual -, e a maioria (57%) vive com ele ou ela. Há ainda 27% de solteiras..Conservadoras e intolerantes à traição.No que toca às relações, o sexo feminino português divide-se entre mulheres com perfil conservador (28%) e de "seguras-intolerantes" (também 28%)..As primeiras são as mulheres que privilegiam o respeito pelos costumes. Para elas, grande parte do desenho feminino nacional, não há sexo sem amor e não são fãs de sonhos eróticos. São as menos exigentes consigo próprias, mas as mais sociáveis e as que mais se preocupam com a sua aparência..Já as mulheres seguras e intolerantes são as "mais exigentes e organizadas" e "quase sempre conseguem o que se propõem e não permitem que os pequenos inconvenientes da vida as desanimem". Além disso, e daí serem consideradas "intolerantes", dizem-se incapazes de perdoar uma traição do marido ou namorado..A traição é, de facto, uma das três razões de separação entre casais. Contudo, a investigação "As mulheres em Portugal, hoje" mostra que a principal razão é a distância entre eles (44%) e a segunda maior causa é a violência doméstica e de género (26%)..Também os filhos são considerados uma fonte de desgaste entre o casal. De acordo com o estudo, "a presença dos filhos na vida do casal - sejam dele, dela ou de ambos - retira quase um ponto à felicidade média das mulheres com o companheiro com quem vivem"..Ainda que o estudo trace um perfil da maioria das mulheres, a especialista em estudos de género e consultora científica do estudo, Heloísa Perista, refere que "não há uma única definição da mulher portuguesa, porque há muitas mulheres portuguesas, com vidas absolutamente heterogéneas"..O trabalho foi coordenado pela especialista em market intelligence e consultora espanhola Laura Sagnier, que já tinha estado à frente de um estudo semelhante sobre o perfil das mulheres em Espanha.