Nuno Artur Silva já vendeu as Produções Fictícias

Futuro secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media vendeu ações ao sobrinho André Caldeira e a Michelle Costa Adrião, que geriam a empresa desde 2015
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O futuro secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, vendeu as suas ações no capital social da produtora Produções Fictícias, proprietária do Canal Q, anunciou o próprio em nota enviada ao DN.

Os compradores, que adquiriram a totalidade das participações da firma, são os gestores da empresa nos últimos anos, o diretor-geral André Caldeira, que é sobrinho de Artur Silva, e a diretora financeira Michelle Costa Adrião. Ou seja, trata-se de um caso de management buyout (MBO), quando um quadro diretor adquire o capital da empresa, explica o governante.

Nuno Artur Silva garante que não existe qualquer problema legal nesta venda. "O novo regime aplicável ao exercício de funções pelos membros do Governo, aprovado pela Lei n.º 52/2019, de 31 de julho, determina a existência de impedimento apenas nos casos em que o membro do governo detém participação social na empresa por si ou conjuntamente com familiares, o que não se verifica", esclareceu.

"A lei determina, ainda, que os membros do governo não podem intervir na negociação, celebração e execução de procedimentos de contratação pública entre o Estado e as empresas por si detidas nos últimos três anos. Ora, no caso concreto, considerando que a RTP e a Lusa são entidades do setor empresarial do Estado, o futuro Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média não irá intervir nas decisões relativas à negociação, celebração e execução de contratos referentes à programação e conteúdos das mesmas. Tais decisões competem aos respetivos conselhos de administração da RTP e da Lusa", lê-se na nota.

Cronista do DN há mais de um ano, Nuno Artur Neves Melo da Silva nasceu em Lisboa há 57 anos (a 5 de outubro de 1962). É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1985). Criou, em 1993, as Produções Fictícias, de onde saiu, por exemplo, a sátira política dos bonecos do Contra Informação.

Fundou e foi publisher do suplemento satírico O Inimigo Público do jornal Público, e em 2010 fundou e dirigiu o Canal Q, um canal de humor no cabo. De 1996 a 1997 foi assessor criativo da direção de programas da RTP e de 2015 a 2018 administrador da empresa, com o pelouro dos Conteúdos (2015-2018).

Na sua passagem pela administração da RTP, Nuno Artur Silva reformulou o Festival da Canção, chamando os compositores e músicos portugueses para um novo formato, do qual sairia vencedor Salvador Sobral e a canção Amar pelos Dois, de Luísa Sobral, que acabaria por ganhar o Festival da Eurovisão, em Kiev, em 2017, pela primeira vez em 54 anos de participação. Lisboa organizou a competição em 2018. Nuno Artur Silva deixou a administração da televisão pública depois da realização deste evento.

Na RTP, enfrentou queixas da Comissão de Trabalhadores de que estava ligado a empresas concorrentes da RTP (Produções Fictícias e Canal Q).

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