O Governo escolheu esta sexta-feira o tenente-general José Nunes da Fonseca para Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), que toma posse às 19:00 em Belém, soube o DN..O novo general CEME sucede a Rovisco Duarte, que resignou quarta-feira invocando razões pessoais na carta enviada ao Presidente da República e alegando "circunstâncias políticas" na mensagem aos militares do Exército..A notícia foi confirmada em Bruxelas pelo primeiro-ministro, António Costa, que explicou ir realizar-se um Conselho de Ministros eletrónico para agilizar a formalização da proposta a enviar ao Comandante Supremo das Forças Armadas..Cabe a Marcelo Rebelo de Sousa nomear o novo CEME após receber a proposta do Governo..Antes, a lei exige que o ministro da Defesa ouça o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) - que responde após conhecer o parecer do Conselho Superior do Exército (CSE)..O nome foi apreciado esta manhã pelo CSE e a luz verde transmitida ao CEMGFA, almirante Silva Ribeiro..Nunes da Fonseca - de Engenharia - vem de uma família de militares e estudou no Instituto dos Pupilos do Exército, como os dois irmãos - um chegou a major-general (arma de Cavalaria) e o outro a coronel (Infantaria). O pai foi sargento..Primeiro aluno destacado do seu curso de Engenharia, é considerado reservado e inteligente, segundo fontes ouvidas pelo DN que o conhecem..Desafios do novo CEME.A primeira cerimónia pública do general José Nunes da Fonseca como CEME deverá ser a do aniversário do Exército, na próxima quarta-feira, que este ano se celebra em Guimarães..A sua escolha deverá implicar a saída dos tenentes-generais Fernando Serafino e Cóias Ferreira, ultrapassados dentro do Exército pela promoção de Nunes da Fonseca a quatro estrelas prateadas..Também ultrapassado foi o tenente-general Botelho Miguel, comandante-geral da GNR - que as fontes do DN admitem manter-se em funções por estar fora do ramo..Com várias promoções a fazer nos próximos tempos para preencher pelo menos três vagas de tenente-general - mesmo com o eventual regresso ao Exército do tenente-general Martins Pereira, se for constituído arguido no caso da recuperação das armas de Tancos - e o efeito dominó que isso tem para baixo na cadeira hierárquica, José Nunes da Fonseca tem pela frente vários desafios..Recuperar a imagem profundamente abalada do Exército, quando acaba de se saber que a PJ Militar atribuiu ao seu antecessor a decisão de proibir a entrada da PJ no Campo Militar de Santa Margarida no dia em que as armas recuperadas ali chegaram, é um deles..Completar a cúpula superior do Exército - começando com a escolha do novo vice-CEME - e participar no esclarecimento de quais as responsabilidades militares dentro do ramo no furto de Tancos estão na lista de prioridades do general Nunes da Fonseca..A falta de efetivos, em particular na categoria de praças e quando o Governo acaba de aprovar um novo regime de incentivos e a celebração de contratos até ao limite de 18 anos nas armas e serviços definidos pelo CEME, ou o reequipamento militar são problemas estruturais cuja resolução envolve também o poder político..Já da sua exclusiva responsabilidade é o problema da gestão das carreiras entupidas no topo dos oficiais superiores, porque o Exército mantém coronéis com mais de oito anos nas fileiras apesar de o Estatuto dos Militares determinar a sua saída obrigatória ao fim desse tempo..Fica por verificar se o facto de Nunes da Fonseca vir da GNR virá a suscitar reservas internas, como sucedeu da única vez em que isso ocorreu (no final dos anos 1990, com a escolha do tenente-general Silva Viegas para CEME)..Mas a unanimidade expressa esta sexta-feira pelo conselho de generais do Exército e a imagem tão negativa com que o ramo está por culpas próprias não parecem favorecer esse tipo de reação registada no passado.