Números disparam e Madrid pede confinamento em certas zonas

Espanha registou 25 mortes e 3.650 novos casos confirmados de covid-19 apenas nas últimas 24 horas. Mais de metade dos novos casos são na região da capital. Números dispararam esta semana e são os mais altos desde finais de maio
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A Comunidade de Madrid concentra um terço das novas infeções em todo o território espanhol e o governo regional já recomendou o confinamento nas zonas em que a pandemia tem tido maior impacto, apelando ainda a que se limitem as reuniões familiares e não descartando mais restrições aos setores da indústria e da hotelaria e restauração.

A informação foi explicada esta sexta-feira pelo vice-ministro da Saúde Pública, Antonio Zapatero, que se referiu concretamente a Carabanchel, Usera e Vallecas, os territórios com maior incidência da covid-19 na região e onde milhares de testes foram realizados em pessoas assintomáticas no início desta semana. Depois desses bairros, Fuenlabrada, Parla, Móstoles e Leganés são os municípios com maior presença do vírus entre a população, de acordo com o Relatório Epidemiológico divulgado esta terça-feira pelo Executivo regional.

"Estamos preocupados", confessou Zapatero, que culpou a grande mobilidade de uma região altamente povoada como Madrid e recomendou à população "evitar viagens desnecessárias" e "tentar ficar em casa em áreas onde há maior número de casos", defendendo ainda "evitar reuniões desnecessárias". "É absolutamente recomendável que não haja mais de 10 pessoas", recomendou.

Zapatero informou que a Comunidade vai "fazer consultas" para estabelecer mais medidas e recomendações "com respaldo legal" e relacionadas com a mobilidade e "atividades sociais", como restaurantes, onde se formam grupos de pessoas. "Alguma medida poderá ser tomada desde que tenhamos o apoio da justiça", acrescentou o responsável.

O vice-ministro da Saúde Pública também avaliou como "má notícia" a decisão de um juiz de anular a decisão da Comunidade de Madrid de proibir que se fume na rua sem distância social e de antecipar o fecho das discotecas, insistindo que "continua a ser imprescindível" usar a máscara corretamente, respeitar a distância de segurança e garantir o protocolo de isolamento dos infetados e a quarentena dos seus contactos, algo que julga ser "certo" que não está a ser respeitado em todos os casos.

O governo regional voltará a realizar testes à covid-19 na próxima semana no sul da região de Madrid, a área mais atingida, às quatro zonas onde já foram testadas pessoas assintomáticas (Carabanchel, Usera, Villaverde e Puente de Vallecas) e a Fuenlabrada e Parla.

Até o momento, foi encontrado um percentual de infetados assintomáticos de 2,65%. Três hospitais de Madrid tiveram mesmo de suspender cirurgias devido ao aumento de casos de coronavírus que estão a ser registados na região.

Madrid com mais de metade dos casos das últimas 24 horas

Segundo os dados desta sexta-feira, a Comunidade de Madrid mantém um total de 26 focos ativos dos 68 surtos que notificou ao Ministério da Saúde. Deve levar-se em consideração que se considera surto ativo aquele que teve um caso nos últimos 14 dias a partir da data do início dos sintomas ou do diagnóstico, se for uma pessoa assintomática. Esses 26 surtos contemplam 176 casos ativos, entre os quais 25 que necessitaram de hospitalização, e um total de 470 contactos.

No espaço de algumas semanas, vai começar o ano letivo. Os vereadores da Saúde e Educação afastam neste momento um regresso às aulas totalmente presencial, embora os detalhes sejam apresentados apenas na próxima semana.

Espanha registou 25 mortes e 3.650 novos casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas, anunciou o ministério da saúde espanhol.

No último dia, Madrid voltou a ser a região que teve mais casos: 1999. Ou seja, mais de metade do total no país.

Esta semana tem sido marcada pelo aumento do número de casos de infeção em Espanha. Na quarta-feira, dia 19, o pais vizinho registou 3715 novos casos, o úmero mais alto de infeções registado desde o final de maio.

Desde o início da pandemia 386 054 pessoas foram infetadas e 28 838 morreram em Espanha.

"Setembro vai ser um mês complicado", reconheceu Nekane Murga, conselheira de saúde do País Basco, região que registou 685 casos nas últimas 24 horas, o registo mais elevado desde o início da pandemia.

Espanha regista nas últimas semanas um aumento de casos de infeção, tendo atingido na quarta-feira o número mais elevado de novos casos desde o final de maio (3.715).

"As coisas não vão bem"

O diretor do Centro de Coordenação de Emergências e Alertas Sanitários de Espanha afirmou esta sexta-feira que "as coisas não vão bem" perante o aumento exponencial de novos casos de infeção pelo novo coronavírus, apelando à sensibilização da população.

"Que ninguém se engane: as coisas não vão bem [...]. Não podemos deixar que a situação nos escape outra vez", avisou Fernando Simón, em conferência de imprensa.

O médico responsável por acompanhar a evolução da pandemia de covid-19 sublinhou a gravidade da situação epidemiológica em Espanha, embora grande parte dos novos casos sejam assintomáticos e as taxas de hospitalização e mortalidade inferiores às registadas durante o pico da doença.

Conforme notou este responsável do centro de alertas sanitários, o principal risco é que os hospitais voltem a ficar sobrecarregados.

Fernando Simón apelou ainda aos influenciadores sociais para que sensibilizem a população, nomeadamente, para que os jovens, faixa que concentra o maior número de novos contágios, tenham contenção nos festejos. "Todos os que têm influência sobre a população devem contribuir para a consciencialização", sublinhou.

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