Embora nos meses de janeiro e fevereiro se tivesse verificado "um esperançoso aumento de 22% da atividade de doação relativamente ao período homólogo do ano anterior", esta caiu nos meses seguintes devido ao impacto da pandemia, disse a presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Maria Antónia Escoval, no 'webinar', "Dia nacional da doação de órgãos e da transplantação", data assinalada hoje..Maria Antónia Escoval explicou que em março, face à pandemia, teve de ser implementado um plano de contingência para a sustentabilidade e segurança da transplantação..Assim, entre março e junho, "verificou-se uma diminuição de 55% do número de dadores falecidos e de 52% no número total de transplantes relativamente a igual período de 2019", adiantou Maria Antónia Escoval..Os dados da atividade foram detalhados pela coordenadora nacional da transplantação, Margarida Ivo Silva, afirmando que foram realizados 307 transplantes nacionais em 2019 e 147 em 2020, o que corresponde a uma queda de 52% na transplantação no período de março a junho..Segundo Margarida Ivo Silva, também "reduziu muito o número total de dadores" no primeiro semestre do ano, totalizando 112, menos 48 face ao mesmo período de 2019 (-28%).Com o surto de covid, entre março e junho, "reduzimos o número de dadores falecidos em morte cerebral 51%", registando-se 59 dadores por milhão de habitantes (pmh), menos 62..Já o número de doação em paragem cardiocirculatória parou por orientação de uma circular normativa conjunta da Direção-Geral da Saúde, IPST e Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA), tendo impacto na redução de 50% no primeiro semestre.."A doação em vida também reduziu 78% e o dador sequencial parou completamente", sublinhou Margarida Ivo Silva..Apesar de em janeiro e fevereiro ter continuado a subir o número de dadores falecidos relativamente a 2019 e Portugal "ia no bom caminho", a taxa de doação de dador falecido baixou para 11,9 doadores por milhão de habitantes (pmh), menos 4,7 dadores pmh.."Este mês de julho nota-se um grande aumento relativamente ao ano anterior", disse, lembrando que no ano passado havia um aumento da doação nos meses de verão..Em junho, houve menos 61% de doação de dador falecido relativamente ao período homólogo do ano anterior..A "grande redução" de dadores observou-se nos hospitais do Norte (menos 89%), enquanto nos do Centro a redução foi de 41% e nos hospitais da região Sul foi de 10%..Também se recolheram menos órgão em relação a 2019 (menos 28%), mas a taxa de utilização aumentou, com um melhor aproveitamento de órgãos em 2020..De acordo com os dados, foram transplantados no primeiro semestre 303 órgãos, menos 123 que no ano anterior, o corresponde a menos 28% na área da transplantação..Houve também uma redução de 16% das córneas colhidas e também uma diminuição no número de córneas transplantadas (-12%).."Estamos neste momento em tempos da retoma e da reorganização da nossa atividade. Avaliaremos o risco associado a não transplantar", salientou a presidente do IPST..Para isso, acrescentou, "ouviremos as comissões de acompanhamento, criaremos grupos de trabalho, continuaremos em articulação com a DGS a implementar medidas que garantam a segurança a qualidade e a sustentabilidade da transplantação e permitam aumentar a vida e a qualidade de vida dos portugueses".