Um dia depois de Feliciano Barreiras Duarte ter anunciado a sua demissão de secretário-geral do PSD, Rui Rio indigitou para o cargo o deputado José Silvano, eleito por Bragança..A direção do partido emitiu um comunicado com dados biográficos sobre Silvano mas omitindo um dos mais atuais: o deputado coordenou o grupo de trabalho parlamentar que preparou um novo regime do financiamento partidário altamente controverso..A lei produzida por esse grupo de trabalho, aprovada com os votos favoráveis de PSD, PS, BE, PCP e PEV (CDS e PAN votariam contra), seria depois vetada pelo Presidente da República (com o argumento de que o processo legislativo havia sido marcado por uma grande falta de transparência)..O próprio Rui Rio criticaria o diploma, na parte em que este previa um alargamento das isenções de IVA de que os partidos beneficiam. Por pressão (entre outros) do líder do PSD, esse alargamento seria depois revogado, voltando a lei à versão anterior às alterações..No comunicado ontem emitido, a direção do PSD diz que Silvano "começará a exercer funções de imediato no partido", apesar de a sua escolha não ter sido ratificada nos órgãos nacionais do partido. Sobre este processo, é dito que a "nomeação deverá ser ratificada na próxima Comissão Política Nacional, agendada para 28 de março, e, posteriormente, no Conselho Nacional do PSD"..O que se preferiu sublinhar do percurso de José Silvano é que exerceu "a maior parte da sua vida profissional e política em Mirandela, onde a sua obra é amplamente reconhecida". Advogado de 61 anos e natural de Vila Real, Silvano foi presidente da Câmara de Mirandela e também da Assembleia Municipal..No PSD, foi presidente da distrital de Bragança e no Parlamento integra atualmente três comissões como efetivo (Assuntos Constitucionais, Transparência e Acompanhamento da Estratégia Portugal 2030), segundo o site do Parlamento..Santana não foi ouvido.Segundo o DN soube, Pedro Santana Lopes não foi consultado por Rui Rio na escolha de José Silvano para o cargo que, durante um mês, pertenceu a Feliciano Barreiras Duarte (forçado a demitir-se por causa de um currículo académico com dados não verdadeiros). A audição faria sentido porque a nomeação terá de passar, em última instância, pelo Conselho Nacional - e a lista de Rio para esse órgão foi feita no congresso em conjunto com Santana Lopes..Ontem, à margem de uma cerimónia na Fundação Champalimaud, o Presidente da República foi interpelado sobre a demissão de Feliciano. Recusou comentar ("não me posso pronunciar sobre a vida interna dos partidos") mas, instado a comentar a necessidade de ética na política, disse que "há valores fundamentais que estão na Constituição, que tem uma visão personalista da política". "Não vale tudo na política. Respeito a dignidade da pessoa humana. Há ética na política, há ética na nossa Constituição."