No Pontal, Montenegro ao ataque: "Este governo deve ser despachado"
Luís Montenegro entrou ao ataque no seu primeiro Pontal enquanto novo líder dos destinos do PSD. No discurso, longo, sem aparentemente estar escrito - e que foi feito sob o olhar atento do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho -, o líder social-democrata deixou várias críticas ao Executivo de António Costa.
"Dizem que a oposição é uma oposição de casos, mas o governo é que acumula casos atrás de casos", afirmou, antes de se referir a vários episódios que têm marcado a governação do PS. Entre eles, o caso do aeroporto e do polémico despacho de Pedro Nuno Santos, e, mais recentemente, o despacho do próprio António Costa sobre a validação de faturas da Endesa, que surgiu dias depois do presidente desta energética sediada em Espanha ter anunciado aumentos na ordem dos 40% na fatura da luz. Perante isto, Montenegro não poupa nas críticas: "O despacho da Endesa é uma vergonha. No meio de tantos despachos, quem deve ser despachado é este Governo."
Antes, o líder laranja confessou ser "reconfortante" estar no Pontal e voltou a afirmar, dirigindo-se a Passos Coelho, o seu orgulho em ter estado ao lado do ex-governante (Montenegro foi líder parlamentar do PSD no governo de Passos): "Foste um grande primeiro-ministro e foi um orgulho em ter estado ao teu lado naquele período de recuperação em que mandámos a troika porta fora". E aproveitou para deixar também uma garantia: "A máquina laranja está de volta para tornar a governar Portugal."
Por entre as muitas críticas que apontou à governação, Luís Montenegro afirmou que este executivo "não assume responsabilidades. Se algo acontece, a culpa nunca é do Governo". Ou seja: "Na Saúde, pediram-nos que não ficássemos doentes em agosto. Se o SNS não funcionar, a culpa é das pessoas que adoeceram. O SIRESP tem falhas, mas não funciona porque afinal as pessoas é que não o sabem usar."
À entrada para esta edição do Pontal - a primeira desde a pandemia e a primeira de Montenegro ao comando dos destinos do PSD -, havia a expectativa de serem anunciadas propostas concretas para o futuro do país, que acabaram mesmo por ser anunciadas.
Na sua alocução, o rosto máximo do PSD revelou ainda que "hoje mesmo", este domingo, o líder parlamentar do partido, Joaquim Miranda Sarmento, entregou na Assembleia da República um pedido para, na primeira semana após as férias parlamentares (que terminam no início de setembro), seja discutido um "programa de emergência social" para fazer face à inflação e ao aumento do custo de vida. No que consiste? "Telegraficamente, o programa atua em cinco eixos", explicou.
O primeiro eixo atuaria "de setembro a dezembro, dar 40€ aos pensionistas que recebam até 1100€". O segundo eixo de ação "quer dar um vale a todos na vida ativa" que recebem até ao mesmo valor. Por sua vez, o terceiro eixo pretende "reduzir o IRS no quarto, quinto e sexto escalões" porque, explica, "estas pessoas têm dificuldades. Não tantas como os mais escalões mais baixos mas têm". O quarto, por outro lado, funcionaria também de setembro até dezembro "e dará mais 10€ a todos os beneficiários de abono de família". Por fim, o quinto e último eixo - sobre o qual Montenegro não se alongou na explicação -, "pretende dar linhas de apoio financeiro às IPSS e às PME para poderem suportar os aumento dos preços da energia."
Segundo explicou o líder do PSD, "todas estas medidas teriam um custo total mil milhões de euros e seriam suportadas pelo excedente orçamental" que o Governo tem vindo a acumular nos últimos meses devido ao aumento do custo de vida. "Não precisam que não há dinheiro. Estes custos são cobrados pelo que o governo já está a ganhar a mais", frisou o presidente do PSD.
Antes de concluir, Montenegro aproveitou ainda para deixar um alerta: "Escusam de pedir ideias ao PSD. Aeroporto? Perguntam ao PSD mas não ao governo. Escusam de pedir ideias ao PSD se não as pedem ao Governo", atirou.