Nevermind. Juiz rejeita processo movido pelo bebé da capa do álbum dos Nirvana
Um juiz federal dos EUA rejeitou novamente o processo de pornografia infantil movido pelo homem que quando bebé foi fotografado nu para a capa do álbum "Nevermind", dos Nirvana.
Spencer Elden pedia uma indemnização de 150 mil dólares (cerca de 150 mil euros) por danos aos ex-membros sobreviventes da banda, Dave Grohl e Krist Novoselic, bem como o direito ao espólio do falecido vocalista Kurt Cobain e do fotógrafo Kirk Weddle.
Ao arquivar a ação na sexta-feira, o juiz Fernando Olguin disse que o demandante não "alegou que sabia de uma violação que ocorreu quando ele era menor de idade ou de uma lesão nos dez anos seguintes à ação", como exigido pela lei sob a qual ele moveu o processo.
Kirk Weddle tirou a foto em 1991 no Pasadena Aquatic Center, na Califórnia. A imagem mostra Elden a nadar nu em direção a uma nota de dólar perfurada com um anzol.
Entrevistado em 2003, aos 12 anos, pela revista "Rolling Stone", Elden disse que "provavelmente ganharia algum dinheiro com isso" (mais de 30 milhões de cópias do disco Nevermind foram vendidas). Em 2016, ele ainda participou de um ensaio fotográfico para recriar a imagem como um adulto com Nevermind tatuado no peito.
O álbum vendeu 30 milhões de cópias, com canções como "Smells Like Teen Spirit" tornando-se referências da cultura grunge.
Mas nem Elden nem os seus responsáveis legais "assinaram alguma vez um comunicado autorizando o uso de qualquer imagem de Spencer, e certamente não de pornografia infantil comercial que o retratasse", diz o processo.
A ação movida argumentava que Elden sofreu "sofrimento emocional extremo e permanente", bem como "perda de capacidade de geração de rendimento ao longo da vida".
Na icónica capa do disco, o bebé surge nu, debaixo de água, junto a uma nota de um dólar, uma imagem que expôs "a parte íntima do corpo de Spencer" e "exibiu lascivamente os genitais" do jovem, refere a ação judicial.
Robert Y. Lewis, advogado de Elden, citado pela BBC, considerou que a inclusão da nota de um dólar, que foi posteriormente colocada na capa do álbum, fez o bebé parecer "um trabalhador do sexo".
Elden argumentou neste processo que a sua "identidade e nome legal estão para sempre ligados à exploração comercial sexual" de que foi alvo enquanto menor, tendo a imagem sido "distribuída e vendida desde que era bebé até agora". E alega também que a imagem de nudez constitui pornografia infantil.
Weddle, o fotógrafo, era amigo do pai de Elden, disse a família à NPR em 2008. A família realizou uma festa na piscina durante a qual Elden foi fotografado debaixo de água para o álbum da banda, então desconhecida. Os pais de Elden receberam na altura 200 dólares (cerca de 200 euros) pela sessão original.
Elden apresentou já três versões da sua queixa na Justiça, mas agora, com esta decisão do juiz Olguin, não pode entrar com mais ações sobre este caso.