Navalny: opositor de Putin recrutado à força para serviço militar no Ártico
O opositor russo Alexei Navalny alega que o recrutamento militar de um dos seus aliados, que foi enviado à força para uma base aérea remota no Ártico, é equivalente a sequestro e detenção ilegal.
Rusland Shaveddinov, que era gerente de projeto na Fundação Anti-Corrupção de Navalny, foi detido à força no seu apartamento de Moscovo na segunda-feira, depois de a porta ser deitada abaixo, a eletricidade cortada e o cartão SIM do seu telemóvel remotamente desativado.
Na terça-feira à noite, Shaveddinov reapareceu numa remota base militar em Novaya Zemlya, um arquipélago gelado no Oceano Ártico a dois mil quilómetros (1240 milhas) a norte de Moscovo, onde existe uma unidade de defesa aérea de mísseis.
Navalny disse que Shaveddinov, que tinha tentado apelar do recrutamento militar com base em problemas médicos, tinha conseguido fazer um telefonema na quarta-feira, usando o telefone de outra pessoa.
O opositor terá disto que não terá direito a um telemóvel durante o ano de serviço militar e disse que outro soldado tinha sido destacado para o acompanhar sempre, para vigiar o que irá fazer.
Navalny disse que os advogados de Shaveddinov vão apresentar recurso contra o recrutamento, alegando que ele foi raptado ilegalmente e detido.
"Servir no exército tornou-se numa forma de prender as pessoas", escreveu Navalny nas redes sociais.
Os opositores compararam o tratamento dado a Shaveddinov à forma como a Rússia dos czares e a ex-União Soviética tratavam os opositores políticos, enviando-os para os cantos mais remotos do país.
Shaveddinov fez parte da campanha de Navalny quando este quis candidatar-se à presidência em 2018, contra Vladimir Putin. Trabalhava como apresentador de televisão no canal online de Navalny e ajudava a gerir projetos da fundação de Navalny, especializada em publicar investigações de corrupção em funcionários e gerentes do Estado.
Um ano de serviço militar é obrigatório na Rússia para todos os homens com idades entre os 18 e os 27 anos, salvo algumas exceções.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o tratamento de Shaveddinov parecia legal se ele tiver tentado fugir ao recrutamento. "Se ele tentou fugir, ele quebrou uma lei relevante da Federação Russa", disse Peskov. "Se ele se esquivou ao recrutamento e foi recrutado dessa maneira, tudo foi feito estritamente de acordo com a lei", acrescentou.