Nascidos a 5 de julho, data da fundação da Aliança Democrática, é o movimento presidido por Miguel Morgado que nasce dia 23, data em que será conhecido o manifesto fundador. O deputado do PSD, que já anunciou a vontade de se candidatar à liderança do PSD, conseguiu congregar várias tendências da direita nesta iniciativa, que vão do PSD, passando pelo CDS, até aos novos partidos Iniciativa Liberal e Aliança. Há também os desalinhados partidariamente, mas que orbitam na direita, entre os quais muitos ligados ao projeto jornalístico Observador..Miguel Morgado anunciou a criação do movimento com o objetivo de "refundar" a "família não socialista". O antigo assessor político de Pedro Passos Coelho diz que no dia 23 de março não está à espera que o primeiro-ministro dê o seu apoio ao movimento, no Espelho d'Água, em Belém, onde será lançado o manifesto, mas, se "vier, vem por bem", garante ao DN..O deputado do PSD, que tem sido fortemente crítico da direção de Rui Rio, diz que o movimento contará com 70 a 80 fundadores. Alguns dos que aderiram ao movimento desde a primeira hora já constam do site Nascidos a 5 de julho..Figuras como Alexandre Relvas, empresário e financiador do jornal Observador, que foi diretor da campanha de Cavaco Silva, sociais-democratas como o antigo deputado e líder do PSD/Açores, Carlos Costa Neves ou Pedro Lomba, que foi secretário de Estado de Passos Coelho; centristas como as deputadas Cecília Meireles e Vânia Dias da Silva; o líder da Iniciativa Liberal Carlos Guimarães Pinto; e membros do novo partido Aliança de Santana Lopes, casos de João Gonçalves (ex-PSD) e João Pedro Varandas. Há também muitas figuras que estiveram ligadas a blogues de direita como o 31 da Armada, o Corta Fitas ou o Insurgente.."Somos os Nascidos a 5 de julho, ou o Mov 5.7. Formamos um movimento cívico e cultural que veio, não para substituir os partidos mas para auxiliar os partidos da direita. Viemos para abrir um espaço de reunião e refundação das direitas e de toda a família não socialista. Queremos conversar e discutir todos os temas, grandes e pequenos, que nos ligam ao futuro, sem tabus nem conformismos", escreveu Miguel Morgado nas redes sociais..O antigo assessor político do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho explicou o nome do movimento pelo facto de se cumprir a 5 de de julho de 2019 o 40.º aniversário da formação da Aliança Democrática, liderada pelo PPD de Sá Carneiro, e que integrava, em 1979, também o CDS e o PPM..Miguel Morgado também esteve ligado ao Movimento Europa e Liberdade (MEL), que organizou uma grande conferência em Lisboa, na qual participaram figuras como Pedro Santana Lopes e Assunção Cristas. Rui Rio recusou o convite para falar na convenção. Mas este movimento de Miguel Morgado é agora visto como "mais à direita" do que o MEL.."O que une as diferentes sensibilidades do movimento é a reconstrução, reunião da família não socialista, das direitas, para se afirmar uma base cívica cultural e, finalmente, política, que ofereça ao país uma alternativa não socialista de sociedade", explicou, salientando que, embora o país não seja hoje o mesmo, esta AD é o "precedente histórico" em que o movimento se revê.."Viemos para auxiliar os partidos, mas não para nos substituirmos a eles. Cada um de nós, nos seus partidos, o que queremos é fortalecer as bases culturais, sociais e cívicas que precisavam de ser revitalizadas. Vão ser os partidos que vão ter de protagonizar o debate político, não haja qualquer equívoco, queremos ser um movimento cívico e cultural sempre, não mais do que isso", assegurou Miguel Morgado..Miguel Morgado considerou até que uma convergência partidária entre estas forças políticas antes dessa revitalização "seria sempre espúria". "Depois de 2019, depois de 2020, quando as lideranças dos partidos considerarem adequado, podem interpretar essa grande federação, essa convergência do espaço não socialista", afirmou..O deputado, que já se manifestou anteriormente disponível para ser candidato à liderança do PSD, separa as águas. "Não confundo o meu papel de militante do PSD e os deveres que tenho para com o PSD com o trabalho que quero levar a cabo no movimento", frisou, acrescentando que nem sequer há eleições marcadas no PSD antes do final do ano..Massa crítica.Fonte do PSD admite que Miguel Morgado, que encabeça o movimento, está à procura de "massa crítica" para uma direita abrangente que tenha "influência de dentro para fora" dentro dos partidos e o ajude também a projetar-se.."É sobretudo uma maneira de tentar que a direita se organize para voltar ao poder, é um movimento de união das direitas assumido", afirma a mesma fonte, mas rejeitando a ideia de que possa ser qualquer rampa de lançamento de um regresso de Pedro Passos Coelho. Apesar de congregar muitos dos que estiveram com ele durante a sua liderança do partido e na governação. "A participação de figuras gradas de outros partidos, nomeadamente do CDS, garante que o movimento é alargado", reforça..Para o politólogo António Costa Pinto o movimento tem uma dupla função: representa a afirmação do setor liberal/conservador; e permite manter politicamente ativo o seu porta-voz, Miguel Morgado, que não escondeu a intenção de disputar a liderança do PSD.."O aparecimento do partido de Santana Lopes, que tem também a intenção manifesta de unificar os partidos de direita, junta-se a esta dimensão anti-PS e anti-Rio", sublinha António Costa Pinto..Mas frisa que Miguel Morgado sabe que "o seu sucesso estará nos partidos políticos e não no lançamento de novos partidos".