Na vitória ou na derrota, o otimismo é à prova do Mundial
Antes de um jogo decisivo, qualquer adepto que se preze está sempre confiante na vitória da sua equipa. "Vamos arrumá-los e levar a taça para casa", diz Gabriel Smith, agitando a bandeira da Inglaterra. Na outra ponta da Arena Portugal, em Lisboa, o rival sueco, Filip Almstedt, é menos palavroso, mas diz basicamente o mesmo: "Ganhar! Ganhar! Ganhar". Neste aspeto em particular, um inglês não é diferente de um sueco, de um russo ou de um croata.
Nestas etapas finais do Mundial, há sempre um lado que perde. Antes dos jogos, porém, não é nenhum deles. É, no mínimo, comovente a fé dos adeptos pelas suas seleções. Dá vontade de perguntar se toda essa confiança se esgota nos 90 minutos de jogo ou transborda também para os dias seguintes.
"É um bocadinho diferente - explica Filip Almstedt - para não dizer um bocadão". No futebol e, em especial, nos jogos da seleção, há qualquer coisa que se apodera dos adeptos. Se calhar, é a "força do coletivo", se calhar, é saber que há "milhões" em todos os cantos do mundo a torcer para o mesmo lado. Essa é uma energia que não acontece todos os dias. Que bom seria se assim fosse.
Essa dose de confiança tornaria qualquer desafio no trabalho, nas relações pessoais ou em família bem mais fácil. Mas a vida não é o futebol e, em última análise, os campeonatos individuais do dia-a-dia ganham-se e perdem-se sozinhos. "Imagine o que se poderia conseguir se nos momentos decisivos das nossas vidas, houvesse uma multidão de pé e a gritar 'força! Vamos lá! Tu és capaz', exemplifica Blago Dragic, adepto croata da cidade de Dubrovnik.
Bem sabemos que não é assim, mas não se perdia nada em usar a estratégia dos adeptos em outros campeonatos. "Confiança na vitória da Inglaterra até ao último minuto", assegura Richard Zummach. E até mesmo quando os desafios acabam por não corresponder às expectativas o que, verdade seja dita, acontece com frequência dentro e fora das quatro linhas.
As derrotas no futebol, pelos vistos, nunca são definitivas para os adeptos. "Temos uma super seleção e, daqui a quatro anos, tudo será outra vez possível", antevê Erik Magnusson, adepto da Suécia. Pode demorar algum tempo, mas o caminho até à vitória abre-se quando menos se espera, mostrando que as melhores conquistas são dos mais pacientes. "Há quase 30 anos que não chegávamos tão longe", conta Erik, adepto de Liverpool. Isso, sim, é otimismo à prova de futebol.