Agredido motorista da Vimeca que denunciou Cláudia Simões à polícia
O motorista da Vimeca, que chamou a polícia para denunciar no domingo Cláudia Simões, foi esta sexta-feira agredido em Massamá.
"Houve uma agressão a um motorista da Vimeca com alguma gravidade", disse ao DN fonte oficial da PSP, que depois confirmou que se trata do condutor que chamou a polícia para denunciar Cláudia Simões, pelo facto da filha viajar sem bilhete. A mulher acusa o agente que a deteve de agressão.
A PSP está agora a fazer diligências para localizar o agressor ou os agressores.
O homem foi transportado para o hospital Amadora-Sintra.
O intendente Nuno Carocha, porta-voz da direção nacional da PSP, disse à Lusa que a agressão ocorreu quando o motorista estacionou o autocarro da Vimeca na paragem de Massamá e se preparava para fazer um novo percurso.
A PSP não descarta a possibilidade de se tratar de uma retaliação face ao que aconteceu no passado fim de semana.
No domingo, o condutor de um dos autocarros da Vimeca pediu a intervenção da polícia para denunciar Cláudia Simões. A mulher afirmou ter sido vitima de agressão policial e de insultos racistas por parte do agente da PSP que a deteve na Amadora.
No dia seguinte, na segunda-feira, apresentou queixa contra o agente. A denúncia foi registada na esquadra às 8h18 minutos do dia 20 de janeiro, depois de, nessa noite, Cláudia Simões ter sido assistida no Hospital Fernando da Fonseca. De acordo com o texto registado no documento, que será enviado para o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Amadora, a cidadã portuguesa de 42 anos, natural de Angola, relatou que pelas 21 horas foi abordada pelo motorista de um transporte público em que se encontrava. Quando saiu na paragem, esse funcionário chamou um agente que fez uma técnica denominada de 'mata-leão' - e esta é a única referência à atuação policial.
Segundo o que está descrito na denúncia, que foi lida ao DN por fonte que está a acompanhar o processo, posteriormente Cláudia Simões foi levada para uma esquadra, onde foi elaborada a detenção, mas não assinou qualquer documento. De seguida foi transportada de ambulância para o hospital onde recebeu tratamento. Cláudia Simões pediu a identificação do agente pois desejava proceder criminalmente contra ele. Assinou e levou cópia. Fontes judiciais disseram ao DN que, só quando Cláudia foi ouvida pelo Ministério Público - numa altura em que o caso já corria as redes sociais com o apoio da associação SOS Racismo - é que relatou ter sido agredida no carro da polícia e junto à esquadra
Contactada pelo DN, a advogada de Cláudia Simões confirma o teor desta queixa. No entanto, alega que esta "fez referência e denunciou todas as agressões, no carro patrulha e na esquadra", mas que "a PSP não as registou porque não quis". Ana Cristina Domingues avançou que ia entregar na quinta-feira ao final do dia "uma adenda a esta queixa no DIAP, com a descrição completa dos factos e um pedido de medidas de coação contra o agente da PSP".
Depois de ser ouvida pelo Ministério Público, Cláudia Simões foi na terça-feira constituída arguida e sujeita à medida de coação de termo de identidade e residência, segundo a PSP.
Perante este caso, o ministro da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito para apuramento dos factos relacionados com a atuação policial ocorrida domingo, na Amadora, após o pedido de intervenção do motorista de um autocarro de passageiros.
Com Valentina Marcelino.
Atualizado às 00:22